Arqueologia

Faraó das baleias: descobertos ossos de animal de 41 milhões de anos

Fóssil do Tutcetus rayanens foi encontrado em um antigo mar na região de Fayum, ao sul do Cairo, no Egito. Animal é considerado um dos espécimes extintos de baleia mais antigos do continente africano

postado em 11/08/2023 03:55
 Equipe usou tomografia computadorizada para analisar os ossos e reconstruir o padrão de crescimento da espécie  -  (crédito: Hesham Sallam/Divulgação)
Equipe usou tomografia computadorizada para analisar os ossos e reconstruir o padrão de crescimento da espécie - (crédito: Hesham Sallam/Divulgação)

Uma equipe internacional de arqueólogos descobriu os ossos de um dos espécimes extintos de baleia "mais antigos da África". O animal com 2,5m e 187kg habitou o antigo mar que cobre o atual Egito há cerca de 41 milhões de anos e recebeu o nome de Tutcetus rayanens — um termo derivado do nome do faraó Tutancâmon, de cetus, que significa baleia em grego, e de Wadi al-Rayan, a região de Fayum, ao sul do Cairo, onde foi encontrado.

Em comunicado, a Universidade Americana do Cairo (AUC) informou que se trata da menor basilosauridae, um grupo de baleias totalmente aquáticas extintas, já descoberta. A equipe usou tomografia computadorizada para analisar as peças encontradas e reconstruir o padrão de crescimento e desenvolvimento dessa espécie. Apesar de seu tamanho minúsculo, o faraó das baleias forneceu informações sem precedentes sobre a história de vida, filogenia e paleobiogeografia das primeiras baleias, asseguram os autores do estudo, publicado na revista Communications Biology.

 Life reconstruction of the extinct basilosaurid whale Tutcetus rayanensis swimming in the Tethys Ocean of present-day Egypt, 41 million years ago. Illustration by Ahmed Morsi.
Reconstrução artística do Tutcetus rayanens: 2,5 metros e pouco mais de 180 quilos (foto: Hesham Sallam - Mansoura University Vertebrate Paleontology Center)

 

Em nota, os cientistas enfatizam que a descoberta de Tutcetus representa uma etapa crucial na evolução das baleias do ambiente terrestre para o marinho. Durante esse período, esses animais desenvolveram características semelhantes às dos peixes, como corpo aerodinâmico, cauda forte, nadadeiras e barbatanas caudal. "Além disso, tinham os últimos vestígios de membros suficientemente visíveis para serem chamados de pernas, que, provavelmente, usavam para reprodução e não para caminhar", indicam.

Segundo Hesham Sallam, professor de paleontologia de vertebrados na AUC e líder do projeto, a evolução das baleias de animais terrestres para criaturas marinhas "incorpora a maravilhosa aventura jornada da vida". "Tutcetus é uma descoberta notável que documenta uma das primeiras fases da transição para um estilo de vida totalmente aquático que ocorreu nessa jornada", afirma, em nota.

 

Em agosto de 2021, arqueólogos egípcios haviam descoberto o fóssil de uma nova espécie de baleia anfíbia de 43 milhões de anos na região de Fayum. Com sua cauda de mais de 3m de comprimento e cerca de 600kg, a Fioumicetus anubis foi apresentada pelo governo egípcio como "a baleia mais feroz e antiga da África". Três anos antes, em 2018, uma equipe de cientistas descobriu o primeiro esqueleto de dinossauro na África. O fóssil tinha mais de 75 milhões de anos.

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