EXPLORAÇÃO ESPACIAL

Cientistas descobrem que a Lua é mais velha do que se imaginava

Seis pesquisadores norte-americanos analisaram a poeira lunar coletada pela Apollo 17, em 1972, e defendem que a Lua é 40 milhões de anos mais velha do que apontavam as estimativas anteriores

O cientista-astronauta Harrison Schmitt coleta material na Lua, ao lado de uma enorme pedra lunar, na terceira atividade extraveicular da Apollo 17 -  (crédito: Nasa)
O cientista-astronauta Harrison Schmitt coleta material na Lua, ao lado de uma enorme pedra lunar, na terceira atividade extraveicular da Apollo 17 - (crédito: Nasa)
postado em 23/10/2023 12:10 / atualizado em 23/10/2023 12:11

Um estudo científico, publicado na Geochemical Perspectives Letters, sinaliza que a Lua é 40 milhões de anos mais velha do que apontavam as estimativas anteriores. Seis cientistas analisaram a poeira lunar coletada pelos astronautas da Apollo 17, em dezembro de 1972, e chegaram à conclusão de que o satélite terrestre tem 4,46 bilhões de anos — apenas um pouco mais jovem que a Terra.

  • O astronauta Ronald E. Evans é fotografado realizando atividade extraveicular durante a costa transterrestre da espaçonave Apollo 17
    O astronauta Ronald E. Evans é fotografado realizando atividade extraveicular durante a costa transterrestre da espaçonave Apollo 17 Nasa
  • Terra vista do horizonte lunar em registro feito pelos astronautas da Apollo 17
    Terra vista do horizonte lunar em registro feito pelos astronautas da Apollo 17 Nasa
  • O astronauta Harrison H. Schmitt, piloto do módulo lunar, trabalha perto do Lunar Roving Vehicle (LRV) em uma das atividades da Apollo 17
    O astronauta Harrison H. Schmitt, piloto do módulo lunar, trabalha perto do Lunar Roving Vehicle (LRV) em uma das atividades da Apollo 17 Nasa
  • O cientista-astronauta Harrison Schmitt coleta material na Lua, ao lado de uma enorme pedra lunar, na terceira atividade extraveicular da Apollo 17
    O cientista-astronauta Harrison Schmitt coleta material na Lua, ao lado de uma enorme pedra lunar, na terceira atividade extraveicular da Apollo 17 Nasa

A principal teoria é de que a Lua se formou a partir de um grande impacto entre a Terra e um planeta do tamanho de Marte, chamado Theia. Quando isso ocorreu ainda não se sabe, mas a análise dos cristais em rochas recolhidas pelos astronautas encontrou nanocristais que se formaram assim que a Lua começou a esfriar. “Esses cristais são os sólidos mais antigos conhecidos que se formaram após o impacto gigante. E porque sabemos a idade desses cristais, eles servem como uma âncora para a cronologia lunar”, disse o professor Philipp Heck, do Field Museum e da Universidade de Chicago e autor sênior do estudo, em um comunicado.

“Quando a superfície estava derretida assim, os cristais de zircão não conseguiam se formar e sobreviver. Portanto, quaisquer cristais na superfície da Lua devem ter-se formado após o arrefecimento deste oceano de magma lunar. Caso contrário, eles teriam sido derretidos e suas assinaturas químicas seriam apagadas.”

Para descobrir a idade destes nanocristais, a equipe precisava medir a quantidade de urânio e chumbo nas amostras. O urânio, durante um longo período de tempo, transforma-se em chumbo e, observando as proporções, os cientistas podem descobrir a idade de um cristal. Mas o primeiro passo é retirar os átomos. Essa abordagem é chamada de tomografia por sonda atômica.

“Na tomografia por sonda atômica, começamos afiando um pedaço da amostra lunar em uma ponta muito afiada, usando um microscópio de feixe de íons focado, quase como um apontador de lápis muito sofisticado”, explicou Jennika Greer, autora principal do estudo. “Depois, usamos lasers UV para evaporar os átomos da superfície dessa ponta. Os átomos viajam através de um espectrómetro de massa, e a rapidez com que se movem diz-nos quão pesados são, o que por sua vez nos diz do que são feitos.”

Depois que a composição da amostra foi estabelecida e a equipe mediu quantos átomos havia, eles foram capazes de calcular a idade do cristal e, portanto, da Lua. A técnica é conhecida como datação radiométrica. "A datação radiométrica funciona um pouco como uma ampulheta", disse Heck. “Numa ampulheta, a areia flui de um bulbo de vidro para outro, sendo o passar do tempo indicado pelo acúmulo de areia no bulbo inferior. A datação radiométrica funciona de forma semelhante, contando o número de átomos pais e o número de átomos filhos nos quais eles se transformaram. A passagem do tempo pode então ser calculada porque a taxa de transformação é conhecida.”

A íntegra da pesquisa pode ser encontrada na página da Geochemical Perspectives Letters.

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