Mudanças climáticas

Europa registra recorde de dias com temperatura acima dos 46ºC

Além do prejuízo de bilhões de dólares, o fenômeno impactou mais de 2 bilhões de pessoas. As principais vítimas são os que integram os grupos vulneráveis, como idosos ou pacientes de doenças crônicas

Turistas se refrescam numa fonte em Córdoba, sul da Espanha, no ano passado, quando a Europa enfrentou um dos verões mais quentes do século atual
 -  (crédito: AFP)
Turistas se refrescam numa fonte em Córdoba, sul da Espanha, no ano passado, quando a Europa enfrentou um dos verões mais quentes do século atual - (crédito: AFP)

O número de dias de estresse térmico extremo — temperatura superior a 46ºC — bateu recorde na Europa em 2023, segundo um relatório dos observatórios climáticos Copernicus e Organização Meteorológica Mundial (OMM). Além do prejuízo de bilhões de dólares, o fenômeno impactou mais de 2 bilhões de pessoas. A exposição prolongada ao estresse térmico é particularmente perigosa para grupos vulneráveis, como idosos ou pacientes de doenças crônicas.

Para o estudo, os observatórios utilizaram o Índice Climático Térmico Universal, que mede o efeito do meio ambiente no corpo humano. A métrica leva em consideração não apenas as temperaturas elevadas, mas também a umidade, a velocidade do vento, a luz solar e o calor emitido.

O ano de 2023 foi o mais quente no conjunto do planeta, e os oceanos também registraram níveis recorde. O verão (no hemisfério norte) não foi o mais quente da Europa — na verdade, foi o quinto —, mas isso não significa que não tenha sido escaldante. Boa parte do continente enfrentou ondas de calor durante um "verão prolongado", entre junho e setembro.

Mortalidade

Em 23 de julho, 13% do território europeu vivenciou um estresse térmico, em particular os países do sul. "Vemos que há um excesso de mortalidade quando acontecem ondas de calor extremas como foi o caso em 2023", disse, em nota, Álvaro Silva, climatologista da OMM.

Vinte e três das 30 ondas de calor mais graves registradas na Europa ocorreram no século 21, e as mortes relacionadas com o calor aumentaram quase 30% nos últimos 20 anos, destaca o relatório. A temperatura no continente aumenta em um ritmo duas vezes mais rápido do que a média global, e as ondas de calor serão mais longas e intensas no futuro, alertam os observatórios climáticos.

O ano de 2023 também foi um dos mais chuvosos da Europa, com grandes inundações que afetaram 1,6 milhão de pessoas. As tempestades impactaram outras 550 mil. Segundo o relatório, o custo econômico dos eventos extremos foi de 13,4 bilhões de euros (R$ 74 bilhões).

"A Europa precisa acelerar a transição para fontes de energia renováveis", opina Anna Cabré, física climática, oceanógrafa e consultora da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. "Tal como o relatório destaca, é também crucial investir consideravelmente mais em medidas de adaptação e resiliência, especialmente na área da saúde. Isso significa trabalhar em estreita colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os governos locais, e significa reforçar a integração da saúde nos planos nacionais de adaptação do Acordo de Paris."

 

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 23/04/2024 06:00
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação