
Recordes de temperatura atingem o sul da Europa, sobretudo a França que enfrentam acima dos 40º C. Chamada de "onda precoce de calor", a previsão é que se estenda para Itália, Portugal, Grécia e Sérvia nos próximos dias. Nas ruas, as pessoas tentam se refrescar como podem e os chafarizes se transformam em piscinas e fontes de água em bebedouros. Cidades como Marselha, Veneza e Madri estão em alerta.
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O jornal The Guardian classifica a onda de calor como "assassino silencioso" por causa da estimativa de cerca de 500 mil pessoas mortas na Europa, por ano, em decorrência das temperaturas elevadas. O risco é maior para idosos e crianças. Para os cientistas, não restam dúvidas que o fenômeno ocorra devido às mudanças climáticas que geram também secas e alterações no planeta.
Desde 19 de junho, a França enfrenta a 50ª onda de calor nacional. É a pior dos últimos 78 anos. O alerta laranja — o segundo mais alto, abaixo apenas do vermelho — inclui a preocupação das temperaturas da superfície do mar. A agência meteorológica Météo-France diz que a atenção está redobrada mediante o risco de "influenciar o efeito das temperaturas mínimas, tornando as noites mais sufocantes".
O momento é de um "episódio de calor precoce", cuja duração e extensão requerem "uma vigilância especial", insistiu a Météo-France. Na França, as autoridades estão mobilizadas há dias para evitar incêndios, aconselhando que a população adapte seus horários de trabalho para evitar picos de calor. Em Marselha, a segunda maior cidade da França, a prefeitura anunciou que as piscinas serão gratuitas até o final da atual onda de calor.
Improviso
Diante de temperaturas incomuns, as famílias adaptaram o dia a dia para que as crianças não sofram. Nas salas de aula, foram colocados ventiladores no esforço de refrescar. "Dá a impressão de que não há previsão. A onda de calor não começou hoje e não vai parar aqui", afirmou à AFP Aline Rossi, mãe de alunos de uma escola pública do centro de Marselha.
Também na França, na quarta-feira, tempestades violentas matararam duas pessoas e deixaram 17 feridos. Ontem 25 mil casas na região estavam sem eletricidade. A partir de hoje mais 10 departamentos no sul e no leste estarão em alerta. Outro país em estado de atenção é Itália que decretou sinal "vermelho" em Roma, Veneza e outras 19 cidades, ao considerar que o calor poderia ter "efeitos para a saúde das pessoas" em geral, não apenas os grupos de risco.
O Ministério da Saúde da Itália recomendou evitar atividades físicas e exposição ao Sol entre 11h e 18h, bem como uma "dieta leve, privilegiando massas e peixes" em vez de carne. Nos Bálcãs, a onda de calor está acompanhada por uma intensa seca. Na Sérvia, as temperaturas poderiam estar cerca de 10° C acima da média, advertiu o serviço meteorológico nacional.
Na Espanha, a expectativa é que os termômetros atinjam 42°C no sul da região, em sete locais o alerta é "laranja", entre eles Madri, Catalunha e Andaluzia. A Proteção Civil recomendou que a população beba bastante líquido, use roupas claras e fique atenta aos idosos e às crianças, que podem ser particularmente afetados, entre outras medidas. As altas temperaturas também têm um impacto no aumento da violência doméstica, enfatizou o Ministério do Interior espanhol, que reforçou as medidas de proteção para mulheres vulneráveis até o final do verão. Em Portugal, dois terços do país estarão em alerta laranja no domingo, com 42°C esperados em Lisboa e um risco máximo de incêndios.
Saiba Mais
Por que lá é pior?
A onda de calor na Europa tem efeitos mais intensos do que no Brasil, segundo especialistas, por causa da umidade do ar. Enquanto aqui em geral é úmido, lá é seco, o que afeta demais as pessoas — que perdem menos líquido, suam menos e sentem mais a temperatura. Há, ainda, a falta de estrutura para o enfrentamento do calor, uma vez a maioria das residências não tem equipamentos de ar-condicionado ou ventiladores. Muitas casas têm apenas sistema de aquecimento, quando vem o calor, não estão preparadas. As causas dessa elevação das temperaturas estão diretamente relacionadas às mudanças climáticas e à interferência humana no meio ambiente. Ações, como a queima de combustíveis fósseis e o aquecimento das superfícies marítimas alteram o planeta.
Ciência e Saúde
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