COMPORTAMENTO ANIMAL

Chimpanzés reagem a bocejo de robôs em experimento inédito

Estudo com robô "yawnbot" mostra que primatas imitam bocejos de máquinas, sugerindo que o gesto pode ter função social

Por Maria Luiza Campelo* — Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de St George 's, em Londres, revelou um fenômeno curioso e inédito no comportamento animal: os chimpanzés são capazes de “contagiar-se” com bocejos emitidos por robôs humanoides, imitando o gesto mesmo diante de uma máquina.

A pesquisa, publicada na revista Scientific Reports, utilizou uma cabeça robótica programada para simular expressões faciais humanas, incluindo o bocejo. Ao todo, 14 chimpanzés adultos de um santuário na Espanha participaram do experimento, que analisou as reações ao interagir com o chamado “yawnbot”.

Além de imitarem os bocejos do androide, muitos chimpanzés também se deitaram logo depois, o que sugere que o comportamento pode estar ligado a sinais de descanso em grupo. Para os cientistas, esse dado reforça a hipótese de que o bocejo pode ter uma função social, ajudando a sincronizar períodos de repouso entre os membros de uma comunidade.

 

Reprodução/Nature (site oficial)/RMJM, Aline Sardin-Damasso & Mona/ Universidade de St George 's — imagem modificada com um corte da publicação oficial - Estudo com robô "yawnbot" mostra que primatas imitam bocejos de máquinas

Reprodução/Nature (site oficial)/RMJM, Aline Sardin-Damasso & Mona/ Universidade de St George 's — imagem modificada com um corte da publicação oficial

Este é o primeiro registro de um objeto inanimado provocando bocejos contagiosos em primatas não humanos. A descoberta também levanta novas perspectivas sobre a forma como mecanismos cerebrais, como os neurônios-espelho, podem estar envolvidos nesse tipo de comportamento, frequentemente associado à empatia e à conexão social.

O estudo contribui para a compreensão da evolução dos comportamentos coletivos entre os primatas e abre caminho para investigações futuras sobre a interação entre animais e agentes artificiais em ambientes sociais.

*Estagiária sob supervisão de Ronayre Nunes

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