
Chicago (EUA) — Um dos tradicionais fatores de risco para o surgimento do pré-diabetes é o envelhecimento — que leva a uma perda da capacidade de secreção da insulina —, mas médicos têm observado maior incidência do problema em pacientes mais jovens e atribuem a precocidade dos diagnósticos aos hábitos de vida insalubres, incluindo as dietas.
Estudo apresentado no congresso científico da Associação Americana de Diabetes (ADA, sigla em inglês) deste ano analisou as tendências de mortalidade por diabetes e doença renal crônica (DRC) atribuída ao consumo de bebidas açucaradas entre jovens adultos, com 25 a 29 anos. Os óbitos globais associados à ingestão de produtos como refrigerantes, sucos de frutas industrializados e bebidas energéticas subiram de 27.286 em 1990 para 74.657 em 2021, sendo que as duas enfermidades estão entre as principais causas da mortalidade.
As projeções feitas pelos pesquisadores do Hospital Tongren de Pequim, afiliado à Universidade Médica da Capital, na China, indicam aumentos substanciais na mortalidade por DRC (165%) e diabetes (73%) entre adultos jovens até 2051. A equipe sugere a adoção "urgente de intervenções direcionadas".
A endocrinologista Michele Borba lembra que a obesidade cresce rapidamente entre crianças e adolescentes brasileiros, já atingindo mais de 10% dessa população. "E a questão não é só estética: ela aumenta muito o risco de doenças como diabetes tipo 2, pressão alta, gordura no fígado e problemas nas articulações", lista. "Por isso perder peso de forma saudável, e manter essa perda, é um desafio importante para muitas pessoas."
Bruno Geloneze, pesquisador da Unicamp, argumenta que, ao mesmo tempo em que há uma juventude cada vez mais fitness, mais preocupada com a saúde, há a que se entrega aos exageros, bebendo e comendo à vontade. Alguns desses jovens desenvolvem obesidade, têm um genética de propensão ao diabetes e vão ter o pré-diabetes precocemente. "Quanto mais cedo aparece, mais cedo a chance de desenvolver as suas consequências, que são o diabetes em si e doenças cardiovasculares, em específico a arterosclerose. Portanto, a juventude tem que achar uma solução aí para esse embates, apesar de não ser fácil".