
Pela primeira vez na história, cientistas conseguiram observar o momento inicial da formação de planetas em torno de uma estrela. Usando os supertelescópios James Webb e ALMA, uma equipe formada por cientistas de cinco países identificou minerais quentes começando a se solidificar ao redor da estrela jovem HOPS-315, a cerca de 1,3 mil anos luz da Terra. A descoberta foi publicada nesta quarta-feira (16/7), na revista Nature.
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Em um feito inédito, astrônomos identificaram o momento exato em que as "sementes" dos planetas começaram a surgir fora do nosso Sistema Solar. O registro mostra minerais cristalinos contendo monóxido de silício (SiO) em processo de solidificação dentro do disco de gás e poeira que circunda a estrela bebê HOPS-215. O fenômeno marca a fase mais precoce já vista da formação planetária em outra estrela e ajuda a entender como nasceram planetas como a Terra.
Os pesquisadores utilizaram dois dos equipamentos mais avançados da astronomia moderna para essa observação: o Telescópio Espacial James Webb, responsável por identificar os sinais químicos dos minerais, e o ALMA, um conjunto de radiotelescópios localizado no deserto do Atacama, no Chile, que ajudou a determinar de onde exatamente esse sinais vinham.
Foi possível confirmar que os cristais se encontram em uma região do disco ao redor da estrela equivalente ao cinturão de asteroides do nosso Sistema Solar. Esse detalhe é relevante porque os meteoritos antigos da Terra, formados nessa mesma região há bilhões de anos, também guardam esses minerais, indicando uma semelhança direta com o início da formação planetária local.
"Estamos realmente vendo esses minerais no mesmo local neste sistema extrassolar onde os vemos em asteroides do Sistema Solar", explicou o coautor do estudo Logan Francis, da Universidade de Leiden, na Holanda.
Segundo os cientistas, a presença do SiO tanto no estado gasoso quanto dentro dos cristais mostra que a solidificação dos materiais, primeiro passo para a criação de planetas, está em pleno andamento. "Esse processo nunca foi observado antes em um disco protoplanetário, ou em qualquer lugar fora do nosso Sistema Solar", afirmou Edwin Bergin, professor da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.
A descoberta permite aos astrônomos estudar, com riqueza de detalhes, como se formam os chamados planetesimais, blocos de rocha com quilômetros de extensão que, ao se agruparem, originam planetas inteiros. Até agora, essa etapa inicial da formação planetária era apenas teorizada.
Para Elizabeth Humphreys, astrônoma do Observatório Europeu do Sul (ESO) que não participou do estudo, a pesquisa é um marco. "Fiquei realmente impressionada. Ela sugere que HOPS-315 pode ser usado para entender como o nosso Sistema Solar se formou. Este resultado destaca a força combinada do JWST e do ALMA na exploração de discos protoplanetários."
Ciência e Saúde
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