O já famoso cometa 3I/ATLAS, o terceiro objeto interestelar confirmado a passar pelo nosso Sistema Solar, surpreende a cada nova análise realizada em sua composição. Desta vez, observações recentes realizadas com o Telescópio Espacial James Webb mostram que o cometa não se parece em nada com os que conhecemos, exibindo uma composição incomum. A pesquisa, focada na nuvem de gás e poeira que envolve o núcleo do cometa, apresentada como coma no estudo, aponta para uma concentração de dióxido de carbono sem precedentes.
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Essa nuvem de gás e poeira do 3I/ATLAS é a principal área de estudo, pois é por meio dela que os cientistas podem analisar a composição do cometa. A nuvem se forma quando os gelos voláteis do núcleo do cometa sublimam, ou seja, passam do estado sólido para o gasoso, à medida que ele se aproxima do Sol.
As observações com o James Webb revelaram que a coma do 3I/ATLAS é dominada por dióxido de carbono (CO2), o que o torna um dos cometas com a maior quantidade desse gás já observada. A relação de mistura entre CO2 e água (H2O) no 3I/ATLAS é de oito para um, um valor significativamente mais alto do que o esperado para cometas que se formam no nosso próprio Sistema Solar. Esse dióxido de carbono é a principal força que impulsiona a atividade do cometa, liberando grãos de poeira e moldando sua cabeleira.
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Além do CO2 e da água, o cometa contém outros elementos, incluindo monóxido de carbono (CO) e sulfeto de carbonila (OCS). A presença de grãos de gelo sugere que o material é amorfo, não cristalino.
A composição do 3I/ATLAS sugere que ele pode ter se formado em condições diferentes daquelas que deram origem aos cometas que conhecemos. Uma das hipóteses é que ele se originou em um disco protoplanetário onde os gelos foram expostos a níveis mais altos de radiação, como raios ultravioleta e raios-X. Outra possibilidade é que ele tenha se formado em uma região de seu sistema parental rica em carbono, próxima à linha de gelo de CO2.
Os pesquisadores sugerem que a alta concentração de CO2 pode ser resultado de um núcleo com temperatura interna mais baixa do que a de cometas típicos do nosso Sistema Solar, ou pode indicar uma composição química diferente. A baixa abundância de água pode estar relacionada à penetração reduzida de calor no núcleo, suprimindo a sublimação da água em relação ao CO2.
“Observamos uma rocha espacial interestelar incomum! Os dados são espetaculares e, considerando o curto tempo de observação (10 minutos), a quantidade de informações que obtivemos é impressionante”, disse o astrônomo Martin Cordiner, autor principal do estudo, divulgado ontem.
