MUNDO ANIMAL

Leões têm "sotaques" e dois tipos de rugido, mostra estudo

Pesquisa feita pelas universidades de Oxford e de Exeter usa inteligência artificial para identificar vocalizações diferentes e ajudar na conservação da espécie

Leão rugindo -  (crédito: Domínio Público)
Leão rugindo - (crédito: Domínio Público)

Cientistas das universidades de Oxford e Exeter, na Inglaterra, descobriram que os leões africanos podem ter algo parecido com “sotaques”. Ao comparar gravações feitas na Tanzânia e no Zimbábue, eles perceberam que os animais rugem de maneiras diferentes dependendo da região. O estudo também revelou a existência de um tipo de rugido que ainda não era conhecido pelos pesquisadores.

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A pesquisa, publicada na revista Ecology and Evolution, analisou milhares de sons com a ajuda de inteligência artificial. O sistema identificou dois tipos principais de rugido, sendo o rugido tradicional, mais forte e conhecido, e o “rugido intermediário”, que é mais curto e com frequência mais baixa. A tecnologia conseguiu separar essas vocalizações por padrões de frequência, duração e intensidade nos sons, com mais de 95% de precisão e ainda identificar individualmente cada leão, como se fosse uma “impressão digital acústica”, que permite a distinção individual dos animais a grandes distâncias. 

As gravações usadas no estudo foram feitas no Parque Nacional Nyerere, na Tanzânia, e na Reserva Bubye Valley, no Zimbábue. Parte dos áudios veio de equipamentos instalados no ambiente, e outra parte foi coletada de leões monitorados com dispositivos de gravação. Os pesquisadores notaram diferenças entre os rugidos dos animais de cada país, o que sugere que fatores ambientais e o convívio entre eles influenciam a forma como cada grupo se comunica.

Segundo os especialistas, essa descoberta pode ajudar muito na conservação da espécie. Hoje, grande parte do monitoramento de leões depende de câmeras e observação direta, métodos que nem sempre funcionam em áreas fechadas ou de difícil acesso. Com o uso da IA, será possível contar e identificar leões apenas ouvindo seus rugidos, sem precisar se aproximar.

Para Jonathan Growcott, autor principal do estudo, a tecnologia deve mudar a forma como a vida selvagem é monitorada. “Os rugidos dos leões são únicos e podem mostrar quantos animais existem em uma região. Com a inteligência artificial, esse processo fica mais rápido e mais preciso”, afirmou.

A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) classifica os leões como vulneráveis à extinção. Estima-se que existam entre 20 mil e 25 mil indivíduos na África, metade do que havia há 25 anos. Por isso, métodos mais eficientes de monitoramento são considerados fundamentais para proteger a espécie.

 

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postado em 01/12/2025 15:38
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