
A Polícia Civil está apurando denúncias contra um youtuber acusado de publicar vídeos, em 2018, com a imagem de uma criança de 11 anos sem a autorização dos responsáveis. A jovem, hoje com 18 anos, decidiu tornar o caso público e relatou os impactos emocionais que ainda sente após a exposição.
Segundo o boletim de ocorrência, os vídeos mostravam detalhes de uma live beneficente, incluindo o nome de usuário, foto de perfil e mensagens privadas da criança. A divulgação aconteceu sem qualquer tipo de consentimento.
A jovem conta que tentou conversar com o criador de conteúdo para pedir a remoção do material, mas acabou participando de uma conversa que foi tratada como uma entrevista. Ela também relata que foi ameaçada com a possibilidade de novos vídeos abordando seu sofrimento. “Ele disse que faria um terceiro vídeo sobre o meu abalo para ter mais engajamento”, disse.
Com a repercussão, os vídeos acabaram sendo compartilhados em outras redes, ampliando ainda mais o alcance da exposição. “Eu só queria participar de algo positivo. Era uma criança e não esperava ter minha imagem usada dessa forma”, declarou.
A investigação também avalia se houve arrecadação de dinheiro por meio de doações durante os vídeos, o que pode caracterizar uso indevido de conteúdo envolvendo menores.
Desdobramentos
O caso foi denunciado às plataformas digitais com pedidos para a remoção dos vídeos e suspensão do canal envolvido. A polícia também analisa outras publicações do mesmo criador, que já teriam motivado registros anteriores por ameaça e calúnia. Prints, trechos dos vídeos e histórico de conversas foram reunidos como parte das provas.
De acordo com especialistas em direito digital, se confirmadas as denúncias, o criador pode responder por:
•Uso de imagem de menor sem autorização (Art. 17 do ECA);
•Ameaça (Art. 147 do Código Penal);
•Calúnia e difamação (Art. 138 e 139 do Código Penal).
O que dizem as plataformas
Procurado, o YouTube afirmou que não permite a exploração de menores e que remove conteúdos que violem suas diretrizes. A empresa informou que está analisando o caso com atenção.
Os vídeos investigados envolviam uma live beneficente promovida por Felipe Neto, que não tem qualquer relação com as acusações.