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Após denúncia de Felca, especialista alerta sobre os riscos da adultização de menores

O médico e terapeuta Dr. João Borzino listou sinais para pais observarem se os filhos estão sendo vítimas de adultização

Após denúncia de Felca, especialista alerta sobre os riscos emocionais da adultização de crianças e adolescentes -  (crédito: Youtube/Reprodução)
Após denúncia de Felca, especialista alerta sobre os riscos emocionais da adultização de crianças e adolescentes - (crédito: Youtube/Reprodução)

Vivemos numa época em que a infância está sob ataque. Não de uma ameaça abstrata, mas de um fenômeno social concreto, silencioso e progressivo.

Trata-se da adultização precoce das crianças – um processo que rouba sua inocência, desregula seu desenvolvimento emocional e, em casos extremos, cria terreno fértil para a exploração sexual infantil. O médico e terapeuta Dr. João Borzino explica o que é adultizar uma criança.

"Adultizar uma criança não é vesti-la como um adulto. É atribuir a ela responsabilidades, desejos, comportamentos e aparências que seu cérebro e sua psique ainda não têm maturidade para processar. E isso tem um custo".

Ele afirma que estudos neurocientíficos de instituições como o Harvard Center on the Developing Child mostram que o cérebro infantil se desenvolve em ciclos sensíveis, com estruturas como o córtex pré-frontal (responsável por julgamento, autocontrole e tomada de decisão) amadurecendo apenas na adolescência tardia.

Segundo o médico, ao expor crianças a conteúdos sexualizados, aceleramos demandas emocionais que elas não têm capacidade de metabolizar.

"Resultado: ansiedade, depressão, transtornos de imagem corporal, déficit de atenção, comportamentos impulsivos e maior vulnerabilidade ao abuso. A plataforma PubMed reúne mais de 120 estudos que conectam a exposição precoce à hipersexualização (inclusive em redes sociais) com sintomas de sofrimento psíquico persistentes até a idade adulta", inicia.

"A OMS alerta que a erotização infantil é uma forma de violência psicológica. E isso, infelizmente, está sendo normalizado — pela mídia, pela cultura pop e, sobretudo, pelas redes sociais", destaca.

De acordo com o médico, o consumo desregulado de telas não é só entretenimento. É formação neural.

"Quando uma criança passa horas sendo bombardeada por imagens de 'influencers mirins', desafios de dança hipersexualizados e filtros que distorcem o corpo, ela está internalizando valores, modelos de identidade e desejos que pulam etapas cruciais do desenvolvimento psicológico'".

Segundo a Elsevier, crianças com tempo de tela acima de 3 horas diárias têm maior ativação da amígdala cerebral, centro do medo e do estresse, e menor conectividade no córtex pré-frontal medial, implicado na empatia e autorregulação.

Isso gera um padrão mental: impulsividade + dessensibilização emocional + busca por validação externa = terreno ideal para exploração emocional e sexual.

Dr. João Borzino diz que nesse cenário, o trabalho do Youtuber Felca ganha relevância como um raro grito de lucidez.

"Ao criticar a adultização infantil promovida por influenciadores mirins e a normalização da erotização de crianças nos conteúdos mais populares da internet, Felca toca numa ferida que muitos preferem ignorar. Sua abordagem, embora humorada, revela o absurdo de tratarmos crianças como mini celebridades sexys — e de pais que, inconscientemente ou por ignorância, colaboram com isso."

O terapeuta ainda afirma que Felca faz o que boa parte das instituições falha em fazer: denunciar o insidioso processo de erosão da infância travestido de "conteúdo divertido". "Sua crítica é um alerta necessário para pais, educadores e legisladores".

Borzino enfatiza que adultos que foram sexualizados precocemente apresentam, segundo estudos da Lancet Psychiatry e da Lilacs, maior propensão a ter: depressão e ideação suicida; transtornos de personalidade; dificuldades de intimidade emocional; baixa autoestima crônica; relações abusivas e hipersexualizadas; adição a pornografia ou comportamentos autodestrutivos.

"Esses padrões têm raízes profundas, muitas vezes invisíveis aos olhos de pais que, mesmo bem-intencionados, permitiram — ou expuseram — seus filhos à erotização crônica desde cedo".


Se você é pai ou mãe, há sinais que não podem ser ignorados, de acordo com Dr. João Borzino: crianças imitando poses sensuais de adultos; interesse excessivo por validação estética nas redes; falas sobre "ser sexy", "ser gostosa(o)", "fazer sucesso"; irritação quando não recebem curtidas ou visualizações; preocupação exagerada com aparência e filtros;


Ele deu dicas do que fazer para prevenir a adultização dos filhos. "Desligue a tela. Sente no chão com seu filho. Brinque, ouça, esteja ali. Criança que tem vínculo seguro com os pais, menos busca aprovação fora de casa. Limite tempo de tela a no máximo 1 hora/dia para menores de 10 anos. Supervisionado. Sem exceções. Se você quiser proteger a infância, comece em casa. Comece agora", conclui.

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MM
postado em 14/08/2025 08:29
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