
Ser influenciador digital parece o emprego dos sonhos: liberdade, fama e parcerias lucrativas. Mas, entre publis e stories, o que muitos não percebem é que a linha entre sucesso e problema jurídico pode ser bem mais fina do que parece.
O marketing de influência se transformou em uma indústria bilionária no Brasil, com previsão de ultrapassar R$ 20 bilhões até 2026.
Só que, junto com o crescimento, vieram também os riscos jurídicos. A falta de checagem de marcas e contratos tem colocado criadores de conteúdo no centro de investigações criminais, muitas vezes sem entender o alcance da própria responsabilidade.
Casos recentes como os de Ianka Cristini, presa em uma operação que investigava suposta fraude financeira, e Diego Aguiar, convocado pela CPI das Pirâmides Financeiras, acenderam o alerta no mercado. Ambos recorreram ao criminalista catarinense Mathaus Agacci, especialista em Direito Criminal Econômico, que vem se tornando referência na defesa de influenciadores e artistas envolvidos em litígios de alto impacto.
“A exposição digital não afasta a responsabilidade penal”, afirma Agacci.
“Muitos influenciadores recebem propostas de marcas sem verificar a origem do produto ou a estrutura jurídica da empresa. Quando algo dá errado, quem emprestou o rosto ao negócio pode ser responsabilizado criminalmente.”
Segundo o advogado, a profissionalização do setor e o avanço da regulamentação sobre apostas, criptoativos e comércio digital exigem um novo tipo de consciência jurídica no marketing de influência.
“A credibilidade virou um ativo de risco. É preciso ter assessoria e contratos sólidos para evitar que a imagem se transforme em prova judicial”, explica.
A mudança de cenário mostra que o influenciador deixou de ser apenas vitrine e passou a atuar como agente de negócios, o que amplia sua responsabilidade civil e penal — especialmente quando há intermediação financeira, promessas de lucro ou venda de produtos sem lastro.
“O público confia mais em pessoas do que em empresas. Por isso, quando há fraude, o influenciador vira o rosto do problema. A boa-fé não elimina a responsabilidade”, conclui Agacci.
Entre contratos, collabs e trends, fica o alerta: a fama pode ser passageira, mas a responsabilidade é permanente.