Morre Juliette Gréco, lendária cantora francesa, aos 93 anos

Famosa por interpretar canções de Serge Gainsbourg, Jackque Prévert e Léo Ferré, a cantora é um ícone da geração pós-guerra

Correio Braziliense
postado em 24/09/2020 11:14 / atualizado em 24/09/2020 11:16
A cantora estava na ativa até 2016, quando sofreu um AVC -  (crédito: Georges Bendrihem/AFP)
A cantora estava na ativa até 2016, quando sofreu um AVC - (crédito: Georges Bendrihem/AFP)

Importante para história da música francesa, Juliette Gréco morreu, aos 93 anos, segundo comunicado da família para a AFP, na própria casa em Ramatuelle, no sudeste da França. A cantora ficou conhecida por interpretações de letras de Serge Gainsbourg, Jackque Prévert e Léo Ferré e também como uma das vozes marcantes da geração pós-guerra. De acordo com a nota feita pela família, Gréco “continuou iluminando a música francesa” enquanto esteve viva.

A cantora teve mais de 50 anos de carreira, mas estava parada desde 2016, quando, aos 89 anos, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). Em uma entrevista publicada em julho deste ano, Juliette mencionou a falta que a música fazia na própria vida. “Sinto muita falta. Minha razão de ser é cantar! Cantar é o máximo, você usa o corpo, o instinto, a mente”, respondeu. Outro fator que debilitou a artista foi a perda da única filha, Laurence-Marie, que se foi em 2016, perdendo a luta contra um câncer.

A musa existencialista

Apesar de ser conhecida pela arte, foi na guerra em que tudo começou. Juliette Gréco fez parte da resistência francesa com apenas 16 anos. Ela foi capturada e só não chegou aos campos de concentração na Alemanha por conta da idade, mas teve a mãe e a irmã levadas.

Após sobreviver ao fim da guerra, ela decidiu, então, seguir a carreira de cantora. Sempre usando preto, se tornou não só uma grande voz, mas um ícone da moda, ao usar roupas de Robert Doisneau e Henri Cartier-Bresson. Ela era um modelo para a geração existencialista pós-guerra. Foi uma das primeiras mulheres a usar camisetas em público, antes utilizadas exclusivamente por homens.

Ela também se aventurou na carreira de atriz. Foi creditada em filmes europeus e de Hollywood. Trabalhou com os diretores Jean Renoir e Darryl F. Zanuck e contracenou com Orson Welles, Peter O’Toole e Ava Gardner. A filmografia completa conta com 31 títulos, sendo os últimos dois no início dos anos 2000.

Brasil na rota

Em 1952, ainda no início da carreira, Gréco veio ao Brasil para uma turnê prevista para durar 15 dias. A quinzena se tornou meses, a artista pensou em se casar com um brasileiro e ficar no país. Na passagem pelo país, a cantora se apresentou para Getúlio Vargas. Foi após voltar das terras brasileiras, inclusive, que a carreira dela engrenou e ela fechou apresentações na Olympia, badalada casa shows em Paris.

Não só o brasileiro misterioso fez parte da lista de amores de Juliette, ela teve casos conhecidos com Darryl F. Zanuck e Miles Davis, além de Philippe Lemaire, ator com quem foi casada por três anos e teve a única filha.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação