Música

"É uma violência", diz produtor investigado por ter inéditos de Renato Russo

Em entrevista ao Correio, Marcelo Froes diz que foi surpreendido por buscas e apreensão da Polícia Civil do Rio de Janeiro na manhã desta segunda. Operação apura existência de material não divulgado do cantor

Alexandre de Paula
postado em 26/10/2020 23:20 / atualizado em 27/10/2020 07:40

O produtor, jornalista e pesquisador musical Marcelo Froes afirmou que foi surpreendido pelas buscas e apreensões da Polícia Civil na manhã desta segunda (26/10) em seu apartamento no Rio de Janeiro. A ação fez parte da Operação Será, que investiga a existência de material inédito sobre o cantor e compositor Renato Russo.

Froes, que trabalhou por anos com a família do líder da Legião Urbana e teve contato próximo com o músico, tornou-se alvo após a Polícia começar a investigar denúncias do filho de Renato, Giuliano Manfredini, a um perfil fake.

“Sempre fui muito assediado por fãs para saber se ia sair alguma coisa do Renato, por esse trabalho que fiz. Casualmente, conversei com uma menina que tinha interesse muito grande pelos bastidores. Fãs eram muitos ávidos por informações e não tinha nada demais em conversar com eles. Mas, uma dessas pessoas era um fake (essa menina) que tinha um site para falar mal de gravadoras e cobrar lançamentos da Legião. Vim saber isso quando a polícia bateu na minha porta. Essa pessoa reclamava de uma forma bem agressiva, o que deve ter feito o Giuliano tomar providências”, diz Froes em conversa com o Correio na noite desta segunda-feira. “Essa situação me prejudica porque preciso do meu celular, do meu computador para fazer o meu trabalho. É uma violência.”

Froes fez uma pesquisa extensa sobre Renato entre 2000 e 2002. “O fato é que eu trabalhei durante muito tempo com Renato. Fiz uma pesquisa bem profunda com caras da banda, com a família, entre 2000 e 2002 que geraram relatórios com tudo que tinha disponível para fazer projetos nos anos seguintes. Produzi alguns discos póstumos entre 2003 e 2010”, explica. Aos policiais, ele apresentou cópias de contratos relacionados à pesquisa.

Ele afirma que há, sim, material inédito do compositor, mas que a família teve acesso a eles. “Fiz o levantamento para todos que estavam envolvidos na época. Todo mundo tinha acesso ao material, todos relatórios foram apresentado para todos.” De acordo com os investigadores, há um relatório que indica a existência de 30 gravações. “Não sei que matemática foi essa que fizeram, mas existe muito material”, diz

A Polícia Civil apreendeu computador, hds e o celular do produtor. “Eu trabalho isso há 25 anos. Tenho backup de todos os projetos. É natural que encontrem algo de Legião, claro que vão encontrar. Há coisas de todos artistas com quem trabalhei”, disse. Entre os músicos com que Froes trabalhou estão Ivan Lins e Zé Ramalho, além de outros nomes importantes da música brasileira.


Afastamento 


Desde que Giuliano Manfrendini assumiu o controle da obra do pai, em 2010, Froes se distanciou do projeto. “Ele se afastou de mim naturalmente. Nunca mais falou comigo. Simplesmente desapareceu. Uma pena porque eu poderia ajudar.” Com a situação, Froes diz que continuará afastado do trabalho com material do Renato. “Já tinha me desligado desse assunto. Poderia procurar gravadoras. Eu fiz a pesquisa, então poderia ter sido o agente provocador dessas projetos, mas acabei deixando de lado porque fiquei desmotivado com as brigas e com o ranço que existe em torno desse assunto”, assegura. 

 

 

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