LITERATURA

Mariana Lima busca novas percepções em livro sobre textos feitos para o teatro

Prestes a estrear na novela 'Um lugar ao sol', atriz e escritora lança o livro 'Cabeça_coração', em que a protagonista é uma professora que reflete sobre importantes questões contemporâneas

Nahima Maciel
postado em 24/10/2021 06:00
Textos de Mariana Lima abordam dilemas contemporâneos -  (crédito: Ana Alexandrino/Divulgação)
Textos de Mariana Lima abordam dilemas contemporâneos - (crédito: Ana Alexandrino/Divulgação)

Cérebro_coração é uma peça emblemática dos tempos vividos pelos brasileiros. No palco, uma professora encena uma aula na qual discorre sobre temas que vão da memória à ciência. Mariana Lima escreveu o texto quando não havia pandemia e ainda teve tempo de encenar o espetáculo antes do fechamento dos teatros. Agora, ela lança o livro com o texto num momento em que também se prepara para ir ao ar na novela Um lugar ao sol.

Resgatar o texto e transformá-lo em livro despertou na atriz a vontade de retomar o trabalho, reler, estudar e escrever sobre a peça. Ela acredita que o livro pode proporcionar interlocuções diferentes daquelas experimentadas em uma sala de espetáculo. “O livro é sempre um processo de agonia e esse nasce um pouco da agonia de não poder fazer a peça”, conta a atriz, que estava em turnê com Cérebro_coração quando o novo coronavírus se instalou no Brasil. “Os textos de teatro devem ser publicados e lidos, mas a vocação primeira é que sejam vivos, que sejam feitos e encenados. Então, é um texto escrito para a cena, embora, durante o processo dessa longa agonia, desse ano, a gente tenha ficado trancado e impossibilitado de trabalhar no teatro”, explica.

Embora escrito há mais de dois anos, o texto de Cabeça_coração dialoga com os acontecimentos recentes vividos pelo Brasil. A personagem da professora propõe situações de quebra de parâmetros ao fazer uma ponte entre os meandros da memória, as doenças psicológicas e os tratamentos. No palco, uma parede móvel ajuda a sugerir como são fluidas as fronteiras entre a mente e o corpo quando se trata de saúde mental. “Acho que a gente está assim, cada dia mais tentando manter sanidade num mundo que não oferece nenhuma base”, comenta Mariana. “Agora, mais do nunca, parece que tudo está organizado e combinado para nos confundir e deixar atordoados. Estamos perdendo até a capacidade de falar e ouvir, coisas muito básicas.”

Mariana conta que gravar a novela, na qual contracena com Andréa Beltrão, foi uma maratona de protocolos. Como a Globo é uma empresa grande, existe uma estrutura para garantir a segurança sanitária, o que não é tão viável no teatro. “Foi muito, muito difícil gravar na pandemia, foi um esforço coletivo hercúleo, e quem mais sofreu foram a equipe e a direção. As pessoas tinham que ser testadas em dias diferentes, levadas para um hotel, depois estúdios, sem poder ensaiar, sem poder tirar a máscara, só na hora de gravar”, conta. Quando aparecia um caso positivo de covid-19, como aconteceu com Marieta Severo, também no elenco, era preciso parar tudo e rastrear os contatos.

Ilana, a personagem de Mariana, é uma mulher de 50 anos, casada, que se vê confrontada com os dilemas da idade e, em determinado momento, apesar de ser uma heterossexual clássica, se apaixona por Rebeca, vivida por Andréa Beltrão. É a mesma curva da idade vivida pela própria Mariana, que hoje acredita estar bem melhor do que aos 40 anos. “Do ponto de vista psicofísico somático, estou melhor hoje do que estava com 40 anos, menos encanada, equilibrei melhor a relação saúde e bem-estar. E estou achando mais legal agora. Sempre achei pessoas mais velhas mais bonitas, mas hoje acho muito mais bonito uma mulher de 50, 60, do que de 20”, revela.

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