Fotografia

Exposição apresenta todos os tempos de Usha Velasco

Serão mais de 80 obras que contemplam diferentes fases dos 30 anos de carreira da artista. A exposição fica disponível entre 7 de dezembro a 13 de fevereiro

Naum Giló*
postado em 05/12/2021 06:00 / atualizado em 07/12/2021 14:26
As obras da fotógrafa Usha Velasco estarão em exposição no Espaço Cultural Renato Russo, a partir do dia  7 -  (crédito: Usha Velasco - série O olhar no tempo: encontros e trânsitos )
As obras da fotógrafa Usha Velasco estarão em exposição no Espaço Cultural Renato Russo, a partir do dia 7 - (crédito: Usha Velasco - série O olhar no tempo: encontros e trânsitos )

Entre 7 de dezembro e 13 de fevereiro de 2022, o Espaço Cultural Renato Russo, na 508 Sul, vai abrigar a exposição Ainda estamos aqui, uma retrospectiva do trabalho da fotógrafa Usha Velasco. Serão mais de 80 obras que contemplam diferentes fases dos 30 anos de carreira da artista, incluindo o projeto O olhar no tempo, intervenção urbana que marcou a região central de Brasília em 2010.

A exposição será dividida em duas partes: Agora: de dentro da pandemia e Antes: em retrospecto, ao longo das quais será possível observar as mudanças de enfoque da artista. "O tempo foi minha principal temática até mais ou menos 2015, 2017. Depois comecei a pesquisar sobre o diálogo entre textos e imagens. Com a pandemia, meu trabalho passou a ficar mais politizado", relata.

O isolamento social entre 2020 e 2021 foi um momento difícil para Usha. A impossibilidade de sair de casa e a situação política do país foram fatores que a fizeram entrar em um processo depressivo. "Foi a arte que me ajudou a superar essa fase. Produzi muito durante o período", lembra ela, que criou nove trabalhos durante o período, entre séries fotográficas e obras únicas. "São obras mais introspectivas, mas que têm forte influência da situação do país."

Um exemplo é a série intitulada [in] potência, cujo ponto de partida eram os sonhos que tinha durante os meses de isolamento, nos quais se via em atividade, em um mundo sem as restrições ocasionadas pela disseminação do coronavírus. As fotografias foram tiradas da cama dela, "onde o corpo sonha o sonho". "Sonhei que era carnaval e eu não conseguia fazer a minha fantasia", diz um dos textos aliados às imagens.

Fotografia

O primeiro trabalho autoral de Usha Velasco ocorreu em 1990, chamado O lado oculto, composto por fotografias tiradas entre 1987 e aquele ano. "Muita coisa dali saiu do meu inconsciente. Depois, quando amadureci e passei a frequentar a terapia, descobri que se tratava do lado oculto da história da minha família, coisas que se desenrolaram até a minha geração", confessa a artista.

A arte de fotografar é herança das gerações anteriores da família de Usha. O bisavô, o avô e o pai tinham gosto pela atividade, o que possibilitou o acúmulo de registros visuais, que, segundo ela, foi o que a fez se interessar pela temática do tempo. Brasília também a instigou a se aprofundar no tema, mas engana-se quem acha que o gatilho seria o futurismo da arquitetura dos monumentos. "Eu cresci no Plano Piloto e a cidade tem vários cantinhos que me levam para a minha infância no interior, na roça. Geralmente quem vê esses detalhes é quem vive aqui e anda a pé."

A série Silêncio (2007), inclusive, é composta por sobreposições de fotos antigas do arquivo familiar com imagens recentes da cidade. Marco na época, o projeto O olhar no tempo: encontros e trânsitos espalhou fotos em preto e branco em lambe-lambes pela cidade, em lugares como a Rodoviária e o Conic. Os registros antigos, impressos em fotocópia A3 e montados como quebra-cabeças, dialogavam com a Brasília de 2010 e seus transeuntes. Em As luzes da cidade (2019), Usha sobrepôs desenhos de Athos Bulcão e Alfredo Volpi em registros de paisagens brasilienses.

Curadoria

A responsável por fazer o recorte nos 30 anos de trabalho de Usha para a exposição foi a curadora Marília Panitz. Primeiro, foi elaborado um catálogo da obra da fotógrafa, que já avisava da exposição. O que não se esperava é que Usha produzisse tanto durante o isolamento. "Então, eu propus para ela que mudássemos a concepção da mostra, tendo tanto uma parte de retrospectiva, como uma outra focada no agora. São duas partes que se integram, mas que são muito bem colocadas. A exposição acabou adquirindo uma outra cara", detalha Marília.

*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

  • Retratos do artista quando coisa
    Retratos do artista quando coisa Foto: Usha Velasco/Divulgação
  • As luzes da cidade (2019)
    As luzes da cidade (2019) Foto: Usha Velasco/Divulgação
  • Minas 
não há 
mais
(2018)
    Minas não há mais (2018) Foto: Usha Velasco/Divulgação
  • As luzes da cidade
    As luzes da cidade Foto: Usha Velasco/Divulgação
  • Retratos do artista quando coisa
    Retratos do artista quando coisa Foto: Usha Velasco/Divulgação
  • O lado oculto
    O lado oculto Foto: Fotos: Usha Velasco/Divulgação
  • Silêncio
    Silêncio Foto: Usha Velasco/Divulgação
  • pri-0511-gurulino
    pri-0511-gurulino Foto: gurulino
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação