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A volta dos grandes: Lollapalooza abre a temporada de megaeventos no Brasil

Artistas falam sobre a expectativa do Lollapalooza e a oportunidade de tocar no palco do primeiro grande festival no Brasil a ser realizado desde o início da pandemia

Os festivais gigantes voltam após mais de dois anos no Brasil. O Lollapalooza, evento recheado de grandes atrações internacionais, mas com uma line-up majoritariamente formada por artistas brasileiros sobe aos palcos a partir desta sexta-feira (25/3). Os músicos subirão nos palcos montados no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, durante os três dias do festival, que é um dos maiores do país. Encabeçam a lista, as bandas Foo Fighters e The Strokes e a cantora Miley Cyrus. Os três nomes são acompanhados por Doja Cat, Asap Rocky, Martin Garrix e Machine Gun Kelly como as principais âncoras da versão brasileira do Lolla, originalmente criado em Chicago.

Desde 2020, o evento tem de lidar com adiamentos. Até o seu retorno, marcado para hoje, foram quatro datas diferentes para o festival e uma mudança completa na lista de atrações.

Todo esse movimento foi motivado pela pandemia, que também reduziu o número de turnês de artistas internacionais para a América do Sul. A situação só está normalizando agora e, por conta disso, na época de negociar a line-up do Lollapalooza, a escolha foi por recheá-la de artistas brasileiros de nome. Destaque para Emicida, Pabllo Vittar e Alok que conquistaram horários nobres na programação.

Uma das principais atrações brasileiras é o cantor capixaba Silva. O músico figura na programação do último Lolla realizado, em 2019, e, por conta de uma forte chuva, não pôde se apresentar. Com isso, o cantor volta à line-up em 2022. "Os adiamentos todos serviram pra me deixar com ainda mais vontade de fazer esse show. Essa volta tem me deixado muito feliz. Uma alegria que não sentia há tempos", comenta Silva que promete celebrar os 10 anos de carreira. "Eu trouxe vários momentos desses 10 anos para esse show. Está sendo uma forma de olhar para minha própria trajetória e para o repertório que construí até aqui com carinho. Além do mais, eu vou estar com um time dos sonhos neste show. Eu e todos os músicos que vão estar no palco comigo criamos uma intimidade musical muito interessante", adianta o artista.

A saudade dos palcos move outra grande atração nacional deste Lolla. A Fresno, banda de São Paulo, faz no evento o primeiro show desde o início da pandemia. Com uma formação nova em trio, mas com apresentação que contará com uma grande banda na adição de músicos contratados, o grupo espera impulsionar uma nova fase. "Pode-se dizer que sim, esse show é uma prévia do que vem por aí. O Lolla é um show mais curto, porque é um festival, então ele é de fato uma prévia. Com base no que a gente vai entender ali do Lolla, vamos compor o resto do nosso show", afirma Lucas Silveira, vocalista da Fresno.

Para alguns é um reinício, para outros, a continuidade a longo processo. A banda Detonautas já tem 25 anos de estrada e teve a oportunidade de tocar em festivais da mesma magnitude, porém investem no Lollapalooza para conquistar novos ouvintes, ainda mais levando em consideração que abrem o palco principal hoje, no primeiro dia de festival. "Para nós, vai ser uma oportunidade de ouro para poder mostrar para um público que não é o público que costuma frequentar e ouvir o nosso trabalho", analisa Tico Santa Cruz, vocalista. A banda prepara um show que mistura a veia política que tem com as músicas mais famosas da carreira. "O show está permeado de mensagens que a gente quer transmitir com a música, mas, ao mesmo tempo, está lotado de entretenimento com todos hits da banda, que a galera conhece e canta", conta.

Larissa Coiro/Divulgação - Planta e Raiz: representando o reggae
Camila Cornelsen/Divulgação - Fresno: primeiro show depois da pandemia
Bruno Kaiuca/Divulgação - Detonautas: novos ouvintes
Um nome comunicação/ Divulgação - MC Tha: estreante no evento

Quem também vai investir nos principais sucessos da carreira é a banda Terno Rei. Eles acabaram de lançar o disco Gêmeos, mas vão fazer no Lolla a última apresentação do Violeta, álbum prévio de muito sucesso nacional. "Vai ser a saidera máxima", afirma Greg Maya, guitarrista do grupo. "Vamos dar-lhe. Independentemente de ter cinco pessoas ou 1 milhão. Vamos fazer um baita show, tocar num palco gigantesco daquele, muito legal", Ale Sater, vocalista e baixista, que já está pensando até na diversão pós-show. "Não vejo a hora de acabar o show para tomar uma cerveja gelada", brinca o artista responsável por agitar o palco principal às 13h de sábado.

MC Tha, cantora paulista, toca no mesmo horário da Terno Rei, em outro palco. Estreante no festival, um dos maiores que ela tocará na meteórica ascensão que tem mostrado na carreira, a cantora acredita que o momento é de comemorar que aos poucos as grandes apresentações vão se tornando possíveis. "Estou muito animada e feliz de, após tudo o que passamos, poder voltar aos palcos celebrando a vida e retomando as atividades que já estavam previstas para 2020. Me sinto como se estivesse conseguindo aos poucos desanuviar o que antes estava nublado", pontua. Ela acredita que o espaço dela, uma artista que mistura funk, R&B, pop e até cânticos ancestrais, no festival é uma mensagem. "A importância está em mostrar que no Brasil também temos artistas plurais que fogem dos estereótipos musicais e se aventuram na atualização e criação de novas linguagens, que o Brasil é imenso e diverso e que dentro dele cabe e mora vários estilos, corpos e crenças."

Musicalidades distintas

O Lollapalooza tem ano a ano investido em aumentar a diversidade nos palcos. Desde artistas diferentes a musicalidades distintas. O movimento abriu espaço para gêneros musicais crescerem nas line-ups e foi assim que o hip-hop ganhou o público do evento. "Acho que os grandes passos do hip-hop e da música rap no Brasil nos últimos anos fizeram nossa cultura alcançar um novo patamar e tornou muito difícil ignorar o que vem sendo produzido por aqui", reflete Rashid, que toca no domingo. Ele vai preparar um show que o público espera há 3 anos, já que, assim como Silva, foi cancelado pela chuva em 2019. "Hoje, a gente quer subir e fazer o melhor show do mundo! A gente quer se divertir também e extravasar toda essa energia que está guardada desde 2019, conta o rapper.

Menos presente na lista de atrações que o rap, mas finalmente representado após anos distante do palco do festival, o reggae está de volta ao lolla com a banda Planta e Raiz. "A gente está lá para representar todos aqueles que vieram antes e todos aqueles que vivem essa luta com a gente de fazer reggae no Brasil, na resistência, porque é uma música que fala a verdade, que encara os sentimentos humanos e desafia o ser humano a ser melhor. É uma música underground, então a gente está muito feliz de poder trazer o reggae, que é o ritmo da nossa vida, para as manchetes de novo", comenta Zeider, vocalista do grupo. Eles tocam ao mesmo tempo que o Rashid e estão animados com a oportunidade de um palco deste tamanho. "É maravilhoso a gente ter a oportunidade de estar representando o reggae em um dos maiores festivais de música do mundo pelo fato da gente ter acreditado no estilo e ter feito do reggae o nosso estilo de vida", complementa.

Um terceiro gênero musical também chama atenção por estrear no Lollapalooza: o funk. "É uma grande responsabilidade, porque vou representar um gênero que é um patrimônio da nossa música. É importante que o funk chegue em cada vez mais lugares até porque sabemos que o público se amarra", crê PK, que faz parte de uma apresentação liderado por WC no Beat e que ainda conta com Kevin O Chris, Haikaiss, Felp 22, Mc TH e Hyperanhas. Desses, apenas o grupo Haikaiss já tocou no festival, em 2017, e agradece muito pela oportunidade e a relevância que recebeu desde então. "Estamos com uma grande gravadora, numa nova fase, e muito disso foi graças a esse primeiro show no Lolla", explica Spvic, integrante do grupo Haikaiss. "O público pode esperar um show especial, porque é um time seleto que foi escalado. E nossa conexão com o WC já é de outras vidas, é uma responsa que dá gosto de participar", acrescenta.

*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco

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