Cinemateca

Cinemateca Brasileira terá atividades retomadas nesta sexta (13/5)

Com acervo invejável e parte da crise contornada, Cinemateca Brasileira retoma atividades presenciais, com direito a mostras e atividades de interesse da comunidade dos cineastas

Ricardo Daehn
postado em 12/05/2022 15:48 / atualizado em 12/05/2022 16:21
 (crédito: Cinemateca Brasileira/ Divulgação)
(crédito: Cinemateca Brasileira/ Divulgação)

Foi em janeiro de 2020 que novos aparatos balizaram a Cinemateca Brasileira, alvo de crise intensa durante a pandemia. A instituição criada como filmoteca em 1949 e que, hoje em dia, conserva 40 mil filmes e um gama infindável de documentos, há pouco mais de dois anos teve assinado um contrato de gestão capaz de assegurar, ao longo de cinco anos, com um valor de R$ 14 milhões anuais, uma plataforma básica de atividades. "Ainda é muito pouco. Numa cláusula, há como captarmos a um adicional de 40%, o que é o minimamente razoável para desenvolver todas as atividades, que não são limitadas ao restauro e preservação, elementos, por si, fundamentais para a história e memória, com dados expressivos para a o futuro de uma sociedade. Tudo é algo extremamente caro, num trabalho quase artesanal, e com equipamentos sofisticados", observa Maria Dora Mourão, nova diretora da Cinemateca Brasileira que volta às atividades nesta sexta (13/5).

Com as salas Oscarito e Grande Otelo a pleno vapor no Largo Senador Raul Cardoso (Vila Mariana), até domingo (15/5), em sessões presenciais, o público terá acesso à mostra O cinema sem medo de
Mojica. Além de filmes do famoso Zé do Caixão, a obra integra o evento que referenda ainda criações de Ozualdo Candeias e Luis Sérgio Person. Sob um custo de manutenção projetado num patamar idealizado em R$ 30 milhões, há vislumbre de projetos de difusão e formação exibições, além de mostras e debates. "Nunca nada está assegurado, quando se fala em funcionamento da Cinemateca, uma vez que se trata de um órgão da secretaria do audiovisual e que, em estrutura anterior, era mais forte porque agora há o condicionamento à secretaria e não diretamente a um ministério vinculado à cultura, propriamente. Há jogos políticos em andamento. A Cinemateca deveria ter um corpo estruturado e vínculo mais perene, por se tratar de um bem público, integrado à necessidade de uma política cultural", observa Maria Dora Mourão.


Na concepção da gestora, pensar que tudo poderia estar assegurado para a Cinemateca Brasileira é um desejo um tanto utópico, pois está condicionada à trajetória repleta de altos e baixos. "Tivemos momentos de glória, principalmente, na história recente, entre 2008 e 2013, quando a Sociedade Amigos da Cinemateca que é a associação (um braço da cinemateca) para o trabalho de captação de recursos. Havia um termo de parceria com o Ministério da Cultura, àquela época, que possibilitou a entrada de recursos bastante significativos por cinco anos. Nisso, a cinemateca atingiu situação realmente privilegiada. Tanto que veio o reconhecimento pela Federação Internacional de Cinematecas. Fomos consideradas das melhores, e o laboratório de restauro, o terceiro melhor do mundo, pelo volume e qualidade", explica.

Ao final de julho de 2021, a Cinemateca Brasileira teve a crise exposta, quando um incêndio destruiu parte do acervo de um galpão, na Vila Leopoldina. Três salas, duas com filmes históricos e outra, com material documental foram consumidas. Tudo teria começado, passada a manutenção de um ar-condicionado da entidade, a mais antiga do segmento de cinema na América Latina. "Depois da grande crise, foi a partir de um acordo com o governo federal que houve a entrada na Cinemateca, daí apoiada com recursos do instituto cultural Vale para fazer um diagnóstico; isso depois de um ano e meio praticamente fechada, sem entrada de técnicos. Apenas o básico era feito: limpeza, jardinagem, vigilância climatização, mas os técnicos especializados, que são fundamentais, não puderam entrar neste período. Em novembro de 2021, entramos com equipe pequena de 20 técnicos", observa a diretora, agora satisfeita com a retomada das programações. Sem formação em curso de preservação, muito dos projetos no setor serão consolidados, na chamada Semana ABC, que transcorrerá entre 25 e 28 de maio. Vale lembrar que a Cinemateca Brasileira passou a ter o nome, em 1956, com ampla atuação do conservador chefe: o pesquisador de cinema Paulo Emilio Sales Gomes, professor e cineasta fundamental ao Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o mais importante do país.


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