Livro

Alê Garcia reúne grandes personalidades negras em 'Negros Gigantes'

Lançado em julho de 2022, o livro é resultado do trabalho do autor em enaltecer figuras negras e aproximar referências da cultura afro para o leitor

Andrés Ruiz*
postado em 01/09/2022 15:01 / atualizado em 01/09/2022 15:01
 (crédito: Divulgação)
(crédito: Divulgação)

O livro Negros gigantes premia mais uma caminhada de Alê Garcia em prol da expansão da visibilidade negra no Brasil. Finalista do prêmio Jabuti pela obra A sordidez das pequenas coisas, o escritor também foi eleito um dos 20 criadores negros mais inovadores do país pela revista Forbes. Alê dedica seu trabalho ao combate ao colonialismo enraizado, como em Negros gigantes, no qual exalta diferentes personalidades negras e abre as portas para o reconhecimento da cultura afro.

Diante de um mergulho profundo, a obra é um resultado de trajetórias e de encontros simbólicos da vida pessoal do autor. “Ele reúne algumas dessas pessoas que eu admiro, que acho que precisam ser contadas para outros, e também é um relato em primeira pessoa de como eu fui conhecendo as pessoas negras desde os meus 9 anos de idade”, descreve Alê.

Ao passar por Mano Brown e Elza Soares, na música, Ruth de Souza, na dramaturgia, Martin Luther King, na política, o escritor traça a mais completa inserção de personalidades negras na sociedade. “Tem toda a identificação, porque eu sou um negro da periferia também. Quando elas entram (na história), o livro conta o impacto que elas têm na minha vida”, comenta.

Não obstante o enaltecimento dessas figuras, a trajetória também relembra momentos dolorosos do artista. Nascido e criado em Restinga, bairro da zona sul de Porto Alegre (RS), Alê muito se indignou ao crescer com a pouca visibilidade de pessoas negras no Brasil. A ausência de referência serviu como motivação para ele iniciar a jornada prestativa no meio, ao perceber que os artistas de fora também saíram de periferias. “Encontraram na arte o seu poder, assim como as pessoas do meu bairro poderiam fazer isso também”, destaca.

“Eu cresci, felizmente, muito crente da excelência negra a que eu pertencia. Como eu sei que várias pessoas negras não crescem com isso, eu sinto a necessidade de ajudar e fazer com que pessoas se inspirem através de outros grandes e vejam o quão grande nós somos”, aponta Alê sobre o principal intuito da obra.

No auge de seus 43 anos, o escritor, publicitário e produtor de conteúdo dedica seu trabalho à cultura negra. Em 2018, ele criou o podcast Negros da semana, por onde procura fugir da insistência em clichês e estereótipos bastante negativos da pessoa negra, ao trazer a produtividade a partir de histórias extraordinárias de pessoas potentes e excelentes. Ele finaliza: “Dar exemplos, trazer reflexos de pessoas que são um pilar do que você pode ser ou desejar, pra mim é fundamental.”

* Estagiário sob supervisão de Nahima Maciel

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