A artista Josiane Dias gosta de fazer uma ponte entre a pintura e a fotografia. Constelação transitória — Nuances efêmeras, exposição que ela inaugura neste sábado (1º/10) na Karla Osório Galeria, com curadoria de Rodrigo Vilela, reúne obras de duas séries nas quais explora os limites visuais entre os dois suportes. Na mesma galeria, o artista Paulo Lobo inaugura Ao vento, uma série de pinturas expostas às intempéries e fruto do diálogo com a natureza.
Josiane apresenta as séries Tel Aviv Bus Station e Em transe, que traduzem uma mudança de fase na trajetória da artista. Se na primeira ela busca o registro do real, na segunda ela se permite leves interferências no tratamento da imagem que acabam por aproximá-la da serigrafia. Realizada na capital israelense, Tel Aviv Bus Station reúne imagens de detalhes de um prédio de arquitetura brutalista da escola Bauhaus.
Tons de amarelo, laranja, vermelho e azul saltam da imagem, assim como formas que nem sempre são reconhecidas em um primeiro olhar. "Não são aquelas fotos perfeitinhas e sim de um corte dessa arquitetura para mostrar uma pintura no sentido duplo, como se fosse uma pintura de um quadro", explica. "Quando a fotografia surgiu, a pintura teve que se reinventar. Hoje, para mim, a fotografia quer ser pintura."
Em transe traz imagens de banhistas em uma praia da Sicília (Itália). São situações que retratam momentos de abandono ao lazer e interação com a natureza. "Quando faço uma foto, tenho esse olhar antropológico e pode ser em qualquer lugar do mundo. Uma pessoa particular que representa o universal. A praia sempre esteve lá, o que muda são as pessoas. É como se eu quisesse incorporar as pessoas na paisagem", explica.
Em Ao vento, Paulo Lobo articula trabalhos de diferentes séries nas quais a pintura é o suporte e a cor, uma espécie de guia. A tensão entre figura e abstração, o diálogo com a história da arte e com o cinema e o trânsito entre passado e presente são alguns dos temas explorados pelo artista. "A destruição da obra de arte, do seu chassi ou base é algo que norteia muito da minha prática como artista, mas posso dizer que os diferentes temas apresentados servem como balizas para articular um pensamento poético. Vejo as pinturas como personagens de uma peça e a galeria, como um palco", explica Lobo.
O artista costuma pintar ao ar livre, em uma grande estrutura que serve de chassi na área externa do terreno onde mora, perto de São Paulo. A ação do vento, da chuva e do sol fazem o que ele chama de "edição" do trabalho. "Escolher pintar nessas condições é uma questão ética porque é uma questão estética", explica.
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