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Mulheres destacam a importância de Gal Costa para a emancipação feminina

Mulheres falam sobre o impacto do canto e das atitudes de Gal Costa como referência para a emancipação feminina

Ândrea Malcher*
Isabela Berrogain
postado em 10/11/2022 06:00 / atualizado em 10/11/2022 06:59
 (crédito:  Marcos Hermes/CB/Divulgação)
(crédito: Marcos Hermes/CB/Divulgação)

A alegria de Gal Costa vem do nome. Nascida Maria da Graça, a cantora foi responsável por arrancar sorrisos de Norte a Sul do Brasil. Gal trouxe felicidade aos brasileiros, mas não só pela extensa contribuição musical. Para o público feminino, Gal é muito mais que uma cantora. Gal foi tropicália, mas também foi luta, representação e potência. À frente de seu tempo, ela ousou a liberdade e mostrou a força do feminino em plena ditadura militar, passando por cima de opressões e machismos.

Gal marcou a história de muitas cantoras e com Márcia Tauil não foi diferente. "Eu era chamada de Gal de Guaxupé, por conta da cidade de Minas Gerais em que nasci", relembra a artista, que, assim como a baiana, possuía cabelos esvoaçantes e voz aguda. A identificação se tornou admiração — no quarto da adolescência, Márcia colecionava álbuns, recortes de revista e fotos do ícone da música. "Ela foi um caminho, uma abertura para mim", afirma. Para a compositora, Gal abriu espaço para que as mulheres fossem mais corajosas e assumissem o que queriam dizer. "Sempre alguém vai saber do nome Gal Costa", garante.

Figura marcada na cena musical de Brasília, Celia Rabelo também teve a trajetória cruzada com a de Gal desde o início da carreira. "A primeira música que cantei em minha vida em um palco foi Um dia de domingo", conta a artista. Ao longo dos mais de 30 anos de carreira, Celia se inspirou no legado da cantora baiana, que foi fonte de diversos aprendizados para a brasiliense. "A languidez da voz de Gal me trouxe para aprender e saber cantar mais de 200 canções gravadas por ela", revela.

Gal era destemida. Na música, foi pioneira e exploradora. "Ela era uma pessoa sem medo de se aventurar em novas estéticas musicais, sonoras, de experimentar coisas novas. Não se apegou ao legado que já tinha construído, que já era tanto. Ela era essa pessoa curiosa, inquieta, sempre querendo trabalhar e conhecer", descreve a artista local Georgia W Alô. Quebrando tabus dentro e fora dos palcos, a baiana revolucionou na forma de se vestir, de se apresentar e de compor. "Acredito que ela foi muito além de uma intérprete, de uma excelente cantora, "mãe" de uma geração de cantoras que vieram depois dela. Ela foi extremamente transgressora e não se omitiu em momento algum", avalia.

Com posicionamentos fortes, Gal Costa influenciou e empoderou mulheres de todas as idades, carregando importantes bandeiras políticas. "Gal mudou a minha maneira de me enxergar, enxergar a mulher e nosso país", define Jô Alencar. Assim como para milhões de brasileiros, Jô tem marcado na memória e no coração a histórica apresentação de Brasil, do Cazuza, feita por Gal. "Foi fantástico ver aquela mulher levantando a bandeira do Brasil, com aquela letra. Ela cantou com os seios de fora como forma de protesto político. Foi uma postura política", aponta.

Para além das lutas feministas, Gal foi, e continuará sendo, um ícone LGBTQIAP . "Gal foi uma das primeiras cantoras de sua época a se assumir bissexual, tornando-se um símbolo da comunidade LGBTQIAP . Ela carregava uma importante carga social e política. Realmente, Gal era uma mulher revolucionária, livre, muito autêntica e verdadeira", opina.

Gal foi política em tempos de guerra. Gal foi liberdade de expressão em tempos de censura. Mas, acima de tudo, Gal foi amor. Gal foi empatia, compaixão e respeito. Gal foi fatal.

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