obituário

Rolando Boldrin teve vida dedicada à cultura profunda do país

Ator, cantor, compositor e apresentador morreu, ontem, aos 86 anos, depois de uma vida dedicada à cultura profunda do país

Correio Braziliense
postado em 10/11/2022 06:00
 (crédito:  Pierre Yves Refalo/Divulgação)
(crédito: Pierre Yves Refalo/Divulgação)

O ator, cantor, compositor e apresentador Rolando Boldrin morreu, ontem, aos 86 anos, em São Paulo. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein há dois meses e, segundo informações da instituição, não resistiu à insuficiência respiratória e renal. O artista foi o maior responsável por levar ao grande público as músicas e os costumes do interior de todas as regiões do país.

Boldrin tinha mais de 60 anos de carreira na tevê, sendo que, apenas na TV Cultura, de São Paulo, apresentou por 17 anos o programa musical Sr. Brasil. "Ele tirou o Brasil da gaveta e fez coro com os artistas mais representativos de todas as regiões do país. Em seu programa, o cenário privilegiava os artesãos brasileiros e era circundado por imagens dos artistas que fizeram a nossa história, escrita, falada e cantada, e que já viajaram, muitos deles 'fora do combinado', conforme costumava dizer Rolando. A TV Cultura agradece pela honra de ter contado com o brilhantismo de Boldrin em sua programação. E manifesta os mais sinceros sentimentos aos familiares e amigos deste artista gigante que jamais será esquecido", destaca a nota divulgada pela emissora.

Pelas mãos de Boldrin, o país conheceu duplas de músicos como Pena Branca e Xavantinho, ou a violeira Helena Meirelles ou ainda o cantor Luiz Vieira, até então restritos à cena dos seus estados, São Paulo, Mato Grosso e Pernambuco, respectivamente. Também foi com ele que artistas que já não estavam em tanta evidência, mas que enriqueceram a cultura brasileira — como, por exemplo, Carmélia Alves ou Adelaide Chiozzo —, voltaram à cena e deram brilho às várias edições dos programas que apresentou.

Sétimo filho

Sétimo filho de uma família de 12 irmãos, Boldrin nasceu em 22 de outubro de 1936, em São Joaquim da Barra (SP), onde deu os primeiros passos na carreira artística inicialmente como locutor da principal rádio da cidade. Chamou a atenção pela voz potente e a dicção perfeita. Tornou-se ator de filmes e novelas e só mais tarde abraçou a carreira de compositor, cantor e apresentador. Diante das câmeras, notabilizou-se, também, como um grande contador de "causos" — histórias folclóricas ou simplesmente anedotas, às quais dava uma roupagem única.

Como ator, Boldrin atuou em mais de 30 novelas, dentre as quais O Direito de Nascer, As Pupilas do Senhor Reitor, Os Deuses Estão Mortos, Quero Viver, Mulheres de Areia, Os Inocentes, A Viagem, O Profeta, Roda de Fogo, Cara a Cara, Cavalo Amarelo e Os Imigrantes. No cinema, esteve nos filmes Doramundo, O Tronco e O Filme da Minha Vida.

A carreira como apresentador de tevê começou no Som Brasil, que trouxe do rádio para a Rede Globo em 1981. Depois que deixou a emissora, levou a mesma roupagem, mas com outros nomes, para a TV Bandeirantes — ali o programa chamou-se Empório Brasileiro — e para o SBT — renomeado Empório Brasil. Na TV Cultura, desde 2005 estava à frente do Sr. Brasil. Como cantor, Boldrin gravou 174 obras de diversos estilos musicais em 60 anos de carreira.

O velório de Boldrin será realizado, hoje, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), das 8h às 15h, e será aberto ao público. Será velado no Hall Monumental. O sepultamento ocorrerá no cemitério Gethsêmani Morumbi, às 17h.

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