Literatura

Autor brasileiro ganha prêmio nos EUA com o livro 'João por um fio'

O autor Roger Mello ganhou, pela segunda vez, o prêmio Mildred L. Batchelder Honor Books, da Youth Media Award de 2023. Ao Correio, ele conta sobre os desafios de escrever livros infantis, processos criativos e projetos futuros

Maria Clara Britto*
postado em 06/02/2023 18:27
 (crédito: Divulgação editora Companhia das Letrinhas)
(crédito: Divulgação editora Companhia das Letrinhas)

O autor Roger Mello ganhou, pela segunda vez, o prêmio Mildred L. Batchelder Honor Books, da Youth Media Award de 2023, realizado pela American Library Association (ALA). O escritor foi premiado por João por um fio (Joao by a thread), reconhecido como um dos quatro melhores livros infantis nos Estados Unidos. A obra foi traduzida por Daniel Hahn.

O prêmio é entregue para os livros infantis publicados originalmente em um idioma diferente do inglês e em um país que não seja os Estados Unidos. Sobre ter vencido, o autor e ilustrador Roger Mello diz: “É fantástico, é um prêmio importantíssimo pra mim, é uma honra absoluta”. Em 2017, ele recebeu o mesmo prêmio com o livro Todo cuidado é pouco! (You can't be too careful). Outros livros do autor publicados nos EUA são: Carvoerinhos e A pena.

Ao Correio, Roger Mello conta um pouco sobre o processo criativo e história de João por um fio. “O processo criativo do livro foi o tempo todo desenhar a trama de bordados que teriam vários tipos de influência, influências andinas, influências brasileiras, dialogando com a trama da escrita. Então, eu desenhava esses bordados com lápis ou com caneta até atingir uma textura, um formato de colcha em que o menino se insere graficamente. De muitas maneiras esse personagem passeia, percorre e se perde nessa trama de linhas feitas a partir do desenho”, explica.


“O livro fala muito sobre estar sozinho à noite quando se é criança. Estar sozinho com o canto de acalanto quando pai e mãe se ausentam. Nesse caso, a mãe não está presente, provavelmente a mãe morreu, e o pai tem que sair pra pescar, às vezes ele sai à noite. Então, este livro fala de como uma criança precisa vencer o medo para atravessar a noite. Apesar das pessoas acharem que livros para crianças não devem falar de temas tabus, falar sobre ser deixado só ou falar sobre a morte e os perigos da vida, eu acho importante que o livro seja a possibilidade da simulação na ficção de toda a complexidade da vida real”, avalia.

Como um grande autor de livros infantis, ele discorre sobre os desafios de se escrever para crianças. “A criança, eu sempre digo, é aquela que cria. Ela é uma leitora que subverte a escrita, que subverte a imagem narrativa visual também. A criança merece o melhor da gente e ir atrás desse melhor muitas vezes não será o mais belo, mas será o mais expressivo, o mais estranho, aquilo que desafia mais e que trata a criança com respeito.”

O próximo projeto do autor será o livro Espinho de arraiá, que será lançado pela editora Global em abril. Segundo Roger, a obra demorou dez anos para ficar pronta.

*Estagiária sob a supervisão de Isabela Berrogain

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