Música

Astrud Gilberto ganhou apenas US$ 120 por 'Garota de Ipanema', segundo biógrafo

Ícone da Bossa Nova, Astrud Gilberto morreu na noite desta segunda-feira (5/6), aos 83 anos. Ela deu voz em inglês para a música 'Garota de Ipanema', o que popularizou a canção ao redor do mundo

Cecília Sóter
postado em 06/06/2023 13:16
 (crédito: Reprodução/Instagram @sofia_gilberto_oliveira)
(crédito: Reprodução/Instagram @sofia_gilberto_oliveira)

Astrud Gilberto, que morreu na noite desta segunda-feira (5/6) aos 83 anos, deu voz em inglês para Garota de Ipanema, o que popularizou a canção ao redor do mundo,. Ela chegou a ganhar um Grammy em 1965 pela música, o primeiro dado a uma brasileira. Ela, no entanto, foi boicotada pelo saxofonista norte-americano Stan Getz e recebeu apenas US$ 120 (R$ 588 pela cotação atual) pela participação em Girl from Ipanema.

Segundo o biógrafo Ruy Castro, no livro Chega de Saudade: A História e as Histórias da Bossa Nova, Stan Getz faturou cerca de US$ 1 milhão (quase R$ 5 milhões na cotação de hoje) pelo disco Getz/Gilberto, de 1964, enquanto Astrud Gilberto recebeu apenas US$ 120 pelo trabalho (valor do cachê pago pelo sindicato dos músicos americanos por uma noite de trabalho) e João Gilberto US$ 23 mil.

O disco foi gravado em 18 de março de 1963, quando Astrud tinha 22 anos, e chegou a vender mais de cinco milhões de cópias pelo mundo. Além disso, ficou 96 semanas nas paradas da Billboard e levou quatro Grammy. Astrud, no entanto, não recebeu os devidos créditos na primeira prensagem do disco.

Em entrevista, Stan Getz afirmou que Astrud "era apenas uma dona de casa" e que, apesar de reconhecer que a música era um sucesso, havia sido "um golpe de sorte para ela".

Quando a música estava sendo gravada com João Gilberto, Getz e Tom Jobim, discutira como seria feita a versão da letra para o inglês. Astrud ofereceu-se para cantar o clássico, assim como a versão de Corcovado, em inglês Quiet Nights Of Quiet Stars.

Anos depois, Astrud respondeu aos comentários, descrevendo os produtores como "lobos que se fazem passar por ovelhas".

"Acho que eles se sentiram importantes por terem sido os que tiveram a 'sabedoria' para reconhecer o potencial no meu canto. Suponho que deveria me sentir lisonjeada com a importância que eles dão a isso... Mas não posso deixar de me incomodar por terem recorrido à mentira", afirmou.

Segundo Gene Lees, editor da revista DownBeat, Getz procurava insistentemente Creed Taylor, o produtor, para garantir que Astrud não recebesse royalties pelo trabalho.

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