MÚSICA

Em entrevista, Júnior fala sobre o 1º álbum solo e sobre a carreira

Álbum lançado neste domingo (29/10) começou a ser feito em 2020 e marca a volta do cantor para o gênero pop

Em entrevista Júnior conta que sente falta das turnês e do palco -  (crédito: Breno Galtier/Divulgação)
Em entrevista Júnior conta que sente falta das turnês e do palco - (crédito: Breno Galtier/Divulgação)
postado em 30/10/2023 16:10

O cantor Junior embarca em uma jornada artística pessoal e lança o álbum Solo — Vol. 1 neste domingo (29/10). O primeiro trabalho solo de Junior é resultado de um processo que começou em 2020 e é um reencontro com o pop, gênero que o cantor explorava junto com a irmã durante o período que eles formavam a dupla Sandy & Junior. Para esse álbum foram escolhidas dez músicas. Outras 11 e dois interlúdios serão lançados em um segundo volume, no futuro.

Como esse é o primeiro álbum individual, Junior fez questão de fazer do próprio jeito, colocar sua personalidade em cada detalhe e se debruçar na própria história e vivências. Para o trabalho, o artista se inspirou em grandes artistas pop, elementos musicais de rock, indie, R&B e referências das músicas das décadas 1970, 1980 e 1990. Além disso, o disco teve colaborações de compositores e co-produtores como Felipe Vassão e Lucas Romero.

Entrevista // Junior

O que o público pode esperar do seu primeiro álbum solo?

É um disco bem pop e muito pessoal também. Eu me dediquei muito, foram três anos de trabalho para chegar nesse disco. É um trabalho que foi feito com muito carinho para eu ficar feliz com o som que eu estivesse fazendo, mas também muito pensando nos fãs, na galera que me acompanha. Vem daí a ideia de voltar pro pop. Enfim, é uma questão de realização pessoal e também dessa minha conexão com uma galera que me acompanha já há bastante tempo.

Você acha que o trabalho como produtor musical mudou a sua forma de se relacionar com a música?

A experiência como produtor determina tudo, na verdade, porque eu acho que torna a sua visão um pouco mais ampla para o todo, na hora de compor. Eu componho produzindo, fazendo os arranjos, imaginando qual que é a cara final da música e acaba determinando as minhas escolhas no processo todo. Porque é o olhar de produtor que está por trás ali, fazendo as escolhas de timbre, de arranjo, de abordagem para cada música. É uma soma de tudo.

Como foi o processo de produção ao lado de outros produtores para chegar a esse resultado?

Foi muito massa. Foram encontros muito interessantes que acabaram dando muito certo. Eu nunca tinha trabalhado com nenhum dos produtores que acabaram participando do disco, exceto o Duda, baixista que gravou o disco praticamente todo, que a gente já tinha feito umas demos juntos. Mas o Vassão e o Lucas Romero, que são os dois produtores principais que trabalharam comigo no álbum todo, os outros acabaram sendo mais pontualmente e eles, a gente acabou fazendo tudo junto. Foi um encontro muito legal porque todo mundo ali trabalha muito em prol da música, não tem disputa de ego, não tem. Todo mundo estava disponível para fazer a entrega necessária para a gente chegar no resultado que a gente queria. Foi um processo muito gostoso de troca de referência. Me senti seguro de ter eles do meu lado porque são pessoas com muito bom gosto, com muita experiência também, profissionais incríveis que favoreceram o processo.

Quais foram suas inspirações para o álbum?

Tinha um acúmulo aí de coisas que eu queria trazer. Foi tudo muito voltado para as minhas experiências. Às vezes com alguma licença poética ou não, mas muito voltado pra minha verdade, pra minha essência. Musicalmente, soul music é uma coisa que me inspira muito, que sempre fez parte do meu gosto musical, sempre foi uma influência que esteve presente para mim. Música eletrônica também, indie, rock, tudo que eu consumo no meu dia a dia, que eu gosto de ouvir, de certa forma, acaba entrando um pouco. E aí chega um momento que vem no subconsciente. Eu sou muito voltado pro sentimento, pra minha intuição, eu não sou um cara muito técnico, muito de fórmulas, para mim, funciona muito do coração.

Quais foram os maiores desafios que você enfrentou enquanto trabalhava no álbum?
Um dos maiores desafios é a minha ansiedade. Porque é um processo longo. Sabe quando você está com muita fome, e chega um ponto que para de sentir a fome, que já anestesiou? A minha sensação era um pouco essa. A minha ansiedade caiu num lugar onde eu já nem tinha mais que lidar com ela. Foi um processo muito longo, e eu queria muito colocar esse projeto no mundo, ver isso circulando. Às vezes meus fãs me abordavam perguntando e falando que estavam ansiosos e eu pensava: “vocês não têm noção aqui dentro como é que tá”. Eu acho que, de início, essa busca pela identidade sonora também. Quais vão ser os instrumentos que eu vou escolher? Qual vai ser a paleta sonora desse disco? Quais são as influências reais? Muitas influências também das décadas 1970, 1980, 1990. Existe uma boa mistura nesse trabalho, com sonoridade atual. Encontrar esse tempero talvez tenha sido a maior dificuldade. Sabe a sensação de você empurrar um carro de início para tirar ele do lugar quando ele está parado ser mais difícil e depois que ele está andando é outra parada? Mas esse empurrão inicial de escolha estética pro disco, falando de som, eu acho que foi a maior dificuldade, entender qual era o caminho. Depois começou a fluir.

Como você enxerga o seu desenvolvimento artístico desde o período de Sandy & Júnior até agora?

Eu acho que é um constante aprendizado. Eu acho que eu vou continuar aprendendo pro resto da vida. Eu acho que enquanto a gente está aprendendo, a gente não está congelado, a gente está em movimento. Tudo que eu vivi na minha profissão é bagagem, inclusive na minha vida pessoal. Então, espero não parar.

Como foi o processo de criação da parte visual?

Tem que traduzir o som. Então, é uma dificuldade. Mas que, para mim, é interessante também, porque eu tenho um apego à parte visual. Meu hobby é fotografia. A parte visual também me atrai muito. Já dirigi algumas coisas. Já dirigi videoclipes, shows, DVDs. Eu tenho uma equipe muito massa que está trabalhando comigo hoje em dia para me ajudar. Porque, de fato, é muito conteúdo que tem que criar. E hoje em dia, a quantidade de conteúdo que você tem que gerar para um lançamento aumentou muito. Então, eu tenho uma equipe massa que me ajuda nessas escolhas estéticas e profissionais para fazer as coisas. A gente chegou nessa linguagem através do diretor de arte para a capa do disco. E dali foi se desdobrando para os clipes. No início, a gente tinha a ideia de fazer um videoclipe. E aí, baseado também nessa necessidade de hoje em dia da quantidade de conteúdo e da minha vontade de estar num palco mais do que qualquer coisa, porque eu acho que é onde eu me sinto mais à vontade, veio essa ideia de criar os sessions, que não são bem videoclipes. É um clipe, mas é um híbrido. A ideia era fazer mais um registro da gente tocando, cantando as músicas, mas que tivesse uma estética interessante, baseado na história do conceito para a capa, da coisa de voo solo, de avião, de paraquedas, inclusive, porque a música é paraquedas. A gente acabou caindo naquele contexto do avião e a gente aproveitou isso como um cenário, um plano de fundo para fazer esses seis conteúdos de clipe. 

Em 2019 você e a Sandy fizeram a turnê Nossa História. Que impacto essa turnê teve na sua vida musical?

Basicamente, eu estou aqui fazendo esse projeto. Eu acho que a ideia de voltar para o pop e de encarar essa ideia de fazer um álbum solo só aconteceu por conta da turnê. De eu me ver nesse contexto novamente, com o microfone na mão, cantando as minhas músicas. Me ver nesse contexto de banda, falando de amplificador, de pedal de guitarra, de sonoridade de bateria, como é que vai microfonar isso, como é que vai ser o show, como vai ser a luz, como vai ser o telão. Eu cresci nisso. É um universo que me encanta muito e do qual eu estava um pouco distante, porque eu estava fazendo um trabalho mais nichado de música eletrônica, que é um outro universo totalmente diferente, que também é muito interessante, me agrada muito. Eu estava fazendo aquilo por escolha, porque eu gostava, eu estava a fim de fazer, mas eu percebi que aquilo não me completava tanto. Eu me senti muito mais inteiro, muito mais completo, muito mais eu. Então eu lembro de ter feito essa reflexão algumas vezes durante os shows, na turnê. Eu sou isso aqui, esse é o meu lugar. É no pop, é cantando, é como o artista que está ali na frente.


Como estão os preparativos para a turnê? Como será se apresentar sozinho pela primeira vez?

Dá uma sensação de frescor pra coisa, de novidade, mas ao mesmo tempo, o palco é um lugar onde eu me sinto muito em casa, muito bem, é onde eu me sinto mais livre. É muito libertador, a partir do momento que vira uma chavinha dentro de você, para mim é onde eu posso fazer o que eu quiser internamente, a sensação é essa. Existe uma certa apreensão, uma ansiedadezinha por esse momento, eu sinto um pouco de desconforto e uma sensação por estar sozinho, mas eu acho que é uma parada que eu vou me acostumar rápido por ser um ambiente muito prazeroso pra mim, o palco. Eu ainda não comecei a montar a turnê, mas é o meu próximo passo. A ideia é sair em turnê depois de lançar o Volume 2, quando eu tiver um repertório maior. Um dos motivos de gravar tanta música é porque eu quero ter um repertório interessante para poder fazer um show e não depender de covers. 

*Estagiária sob a supervisão de Nahima Maciel

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação