Música

Julio Secchin lança o segundo disco, 'Erupçando', mistura de gêneros

O cantor Julio Secchin lança Erupçando, segundo álbum de estúdio que explora um avanço da estética que chama de "funk de pelúcia"

Cantor Julio Sechin -  (crédito: Elisa Maciel/Divulgação)
Cantor Julio Sechin - (crédito: Elisa Maciel/Divulgação)
postado em 19/12/2023 00:01 / atualizado em 19/12/2023 12:46

A vida de um músico é a mistura do que ele escolhe tocar com as músicas que ele escuta no dia a dia. Julio Secchin não faz tanto essa distinção, o cantor carioca usa como referência tudo que o fez caminhar em direção à música. Em 2023, apresenta ao público mais um capítulo dessas intensas misturas do que ama fazer e o que costuma ouvir com Erupçando, o segundo disco de estúdio de Julio.

O novo álbum tem 10 faixas que passeiam por gêneros distintos, sem em momento nenhum perder a essência que o cantor propõe no próprio trabalho. De um simples violão em Yoshi, para uma ritmo de axé em A menina que eu gosto, chegando a um funk charme em Ouvindo Poze o músico se entrega completamente para trazer mais nuances para o estilo musical que ele mesmo intitulou de "funk de pelúcia".

Secchin era diretor de videoclipes e muito bem relacionado com a nova MPB e música alternativa brasileira. Ele decidiu se lançar para a frente das câmeras e com pouco tempo de carreira alcançou um público maior misturando MPB e funk no single Jovem, que chegou a mais de 45 milhões de reproduções só no Spotify. Com o novo disco, ele decidiu que era hora de fazer algo novo mas que não abrisse mão do que o levou aos mais de 1 milhão de ouvintes mensais. "Eu sinto que não faço uma coisa que já fiz, que é ser mais nostálgico em termos de som. Eu tento, na parte musical, instrumental, apontar para uma coisa um pouco mais moderna e as letras da mesma forma", afirma. Acredita que essa ousadia faz parte do trabalho.

Contudo, não é a intenção do compositor soar pretensioso, ele acha que tudo está passando apenas por uma evolução natural. "É um novo degrau no sentido de um aprofundamento dos temas que eu já trabalhei. Uma tentativa, não de sofisticar, mas é de apurar a percepção das coisas que eu estou falando", explica o cantor, que acha que a ousadia foi valiosa para o novo trabalho. "Você tem que dar esse salto de fé em direção a uma coisa que você acredita que vai construir na sua vida. Isso se dá por meio do amor, das relações com a sua família e da sua relação com a sua própria capacidade de transformar em música os seus sentimentos", acredita. "Às vezes, você não sabe o que é, mas você se joga naquela direção e as coisas vão, aos poucos, tomando forma", completa.

O músico destaca que este álbum é justamente uma mistura do que ele é com o que ele vê. Uma mistura complexa de expressão com Rio de Janeiro, um pouco de fone de ouvido e um pouco de carro de som que toca música gospel na rua, ou os paredões de som das inúmeras festas que dominam a cidade maravilhosa. "Simplesmente minha vontade de combinar o meu universo com universos do Brasil, afora, mas principalmente do Rio de Janeiro, então eu tento conjugar isso como uma coisa só", expõe. Secchin enxerga a própria música, não apenas ouve. "É você pensar no disco como uma sequência não só de músicas, mas de cenas num filme", pontua.

Cura de cicatrizes

Erupçando é uma obra que vem logo depois do fim do governo Bolsonaro. O mandato do ex-presidente foi sombrio para Julio Secchin, que vive de música e cultura e viu o trabalho se misturando com a política, isso sem contar a pandemia. Por isso, o cantor acredita que este álbum serve como uma resposta, um grito dos novos tempos. "Esse clima leve, e talvez assim, esperançoso, do disco, acho que reflete uma força de vontade de atravessar esses últimos anos que foram uma tragédia atrás da outra", diz. "A gente sabia que um Brasil melhor passava pela cultura, passava pelo entendimento, acho que esses eram os sentimentos que eu queria passar por meio da música", acrescenta.

Ele se viu em um contexto coletivo difícil de passar. Assim como todos os outros semelhantes para ele, foi na arte que ele encontrou conforto ou um simples afago. "Ver a música, ver a cultura como uma espécie de norte que a gente podia seguir para manter não só a sanidade mental, mas também para olhar para um Brasil diferente. Que naquele momento tava muito difícil de imaginar", reflete.

Porém, ele não está em busca da cura para o mundo e, sim, de um processo próprio. "A composição, para mim, sempre é um processo de escuta interno, acho que também foi uma forma de eu conseguir processar isso que a gente viveu, tanto coletivamente quanto pessoalmente, em termos de tragédia, e sair do outro lado com a cabeça mais ou menos boa", conta o artista. "Minha música sempre teve uma espécie de leveza, sem ser uma coisa leviana. Não no sentido de ser uma música fácil, água com açúcar, não é isso, mas acho que é conseguir evocar sentimentos, como eu disse, de esperança, de perseverança, de uma coisa de leveza", complementa.

 


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