Ainda na infância, Cristal Ramirez, Alisa Ramirez, Katie Henderson e McKenna Petty, integrantes do quarteto de indie-pop The Aces, uniram-se em prol das circunstâncias da vida. Ao crescerem juntas em Utah, Estados Unidos, como mulheres LGBTQIAP+, as norte-americanas compartilharam, por mais de 10 anos, experiências de amores não assumidos e traumas religiosos — cenários que impactam a vida das quatro até hoje. Em I’ve loved you for so long, terceiro álbum de estúdio do grupo, as amigas viajam por estas mesmas histórias pessoais, de mais de uma década de vida e parceria, em um disco que reflete sobre os principais momentos de amadurecimento na trajetória do quarteto.
“Eu diria que é o nosso trabalho mais pessoal até então”, define Alisa. “Durante o lockdown, havia uma ansiedade generalizada muito intensa, além de muitas coisas acontecendo nas nossas vidas pessoais. Então nós decidimos, pela primeira vez, falar sobre isso por meio da nossa música e utilizá-la como um escape das coisas que nós estávamos enfrentando na pandemia”, explica a vocalista. Profundos, os temas tratados nas composições contrastam com a sensação de liberdade impressa no álbum, influenciado pelo pop dos anos 1980 e o rock alternativo da década seguinte.
Uma das principais bandeiras levantadas pela banda, a representatividade feminina e LGBTQIAP+ dá o tom em grande parte das faixas do disco. “Nós queremos continuar a criar espaços seguros para as pessoas queer no geral, e também pessoas como nós — mulheres que querem tocar instrumentos e fazer parte de bandas”, declara Cristal. “Nós realmente estamos compartilhando nossos momentos mais vulneráveis, profundos e sombrios com esse trabalho. Eu acredito que, quando você tem coragem de compartilhar algo que você tem medo de dividir com o mundo, você começa a perceber quantas pessoas se identificam e passam por questões similares a você”, afirma.
Foi com a vulnerabilidade expressa nas composições da banda que as quatro integrantes do The Aces conquistaram o público brasileiro. “O primeiro fã-clube criado para nossa banda foi brasileiro, se eu não me engano em 2016”, relembra McKenna. “Os fãs brasileiros tem uma cultura tão apaixonada, nós percebemos logo de início o apoio que eles nos davam, ainda quando éramos uma banda ainda bem pequena. E ver agora que essa comunidade de fãs tem crescido tanto, especialmente após o lançamento desse álbum, é muito animador”, complementa Cristal. Para 2024, o desejo do quarteto é um: vir ao Brasil pela primeira vez. “Com certeza é uma das nossas principais prioridades fazer um show no Brasil. Ficamos animadas só de pensar na possibilidade”, garante.
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