Oscar 2025

Temporada do Oscar: filmes indicados integram programação em Brasília

Na lista de indicados ao prêmio, os longas 'A verdadeira dor' e 'Setembro 5' estreiam. Ainda no circuito local, há títulos destinados às crianças e à luta contra o preconceito

Fernanda Torres veste Chanel, na Semana da Moda, em Paris  -  (crédito:  AFP)
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Fernanda Torres veste Chanel, na Semana da Moda, em Paris - (crédito: AFP)

A menos de cinco minutos de carro de Lublin (Polônia) está o cenário mais intenso para o drama (com moderado tom cômico) A verdadeira dor — candidato a dois prêmios Oscar: melhor roteiro (Jesse Eisenberg) e melhor ator coadjuvante (Kieran Culkin). Um campo de concentração (Majdanek, em perímetro absolutamente urbano) puxa memórias nunca aplacadas entre personagens (da vida real) e uma austeridade para a excursão comandada, na ficção, pelo britânico James (Will Sharpe).

No enredo do filme, os primos David (Eisenberg) e Benji (Kieran Culkin) saem dos Estados Unidos rumo à Europa a fim de restaurarem dados da família, no passado, imersa na Segunda Guerra. "Houve a exploração (de mim mesmo), tentando entender minha própria vida moderna em relação ao trauma que familiares experimentaram. Essa foi a semente espiritual do longa", já admitiu o diretor Jesse, em entrevista internacional.

De vida regrada, David acolhe o primo Benji para redescobrir traços da família e desfazer a confusão, no dia a dia, dos sentimentos de se ver como completo privilegiado. "A parte triste para mim no filme vem do sentimento de inadequação do meu personagem. Entretanto, foi gratificante, pelo efeito terapêutico", confessou Jesse, em recente entrevista coletiva norte-americana para divulgar o longa.

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Propiciar uma viagem confortável para o público ter acesso a lugares obscuros veio como meta, no filme. David e Benji se vêem acompanhados por figuras como Eloge (Kurt Eguiawan), convertido ao judaísmo, depois de passar pelo período de genocídio em Ruanda e a recém-solteira Márcia (Jennifer Grey, a estrela oitentista de Curtindo a vida adoidado e Dirty dancing).

Além de contar com a experiência de Emma Stone (atriz duas vezes vencedora de Oscar), o diretor Jesse Eisenberg se viu qualificado por viagem europeia feita há 16 anos. Vencedor do Globo de Ouro, do Critics Choice e do Emmy (pela série Succession), Kieran Culkin empresta o brilho para o filme. "Eu o amo e o odeio e quero matá-lo e quero ser ele. Ver Kieran interpretando esse personagem tão amorosamente, mesmo quando ele está sendo insuportável, traz a vontade de você agredi-lo, e logo abraçá-lo e perguntar se sua bochecha já dói menos", comentou Jesse à imprensa estrangeira. Livre e incontrolável, Kieran demandou, inclusive, mudanças de curso no estilo de trabalho do diretor de fotografia Michael Dymek que abriu mão de protocolos para filmagens mais elaboradas.

No ar, sem cortes

Depois de competir pelo título de melhor filme no Globo de Ouro e de receber indicações a melhor roteiro e melhor edição pelo Critics Choice Awards, o novo longa-metragem do suíço Tim Fehlbaum, Setembro 5, galgou a indicação ao Oscar de melhor roteiro, num trabalho que uniu Fehlbaum aos roteiristas Alex David e Moritz Binder. Ambientado em 1972, Setembro 5 se concentra em eventos reais que vieram na sequência de ataques terroristas durante as transmissões televisivas, em Munique, dos Jogos Olímpicos de Verão.

O esforço do produtor Geoff (John Magaro) em impressionar um dos chefes, o executivo Roone Arledge (Peter Sarsgaard), impulsiona a trama. Os esforços de Geoff, ladeado pela tradutora Marianne (Leonie Benesch) e o inseparável amigo Marvin Bader (Ben Chaplin), em encabeçar as transmissões ao vivo do evento comandam a cena. A existência de reféns e limitações de tempo impõem pesadas escolhas na equipe americana de tevê que goza de um público estimado em um bilhão de espectadores.

Diretor de filmes financiados em coprodução entre Alemanha e Suíça, Fehlbaum, entre os quais comandou o apocalíptico Um inferno (2011) e um tratado sobre infertilidade de ocupantes de uma fictícia colônia espacial, em Refúgio (2021). Entre os produtores, o filme conta com o ator e diretor Sean Penn e John Wildermuth (de Alerta vermelho, com Gal Gadot).

A edição de Hansjorg Weibrich é um dos trunfos do longa, tendo vencido prêmios nos âmbitos da Associação de Críticos de Utah, Sociedade de Críticos de San Diego, Los Angeles Film Critics e o Festival de Filmes de St. Louis. Competiu ainda pelo Independent Spirit Awards. Além de lembrado na categoria de melhor filme, pelo corpo de críticos de Nova York, o longa competiu, no Festival de Veneza, ao prêmio do público e, no Denver Film Festival, a atuação de Ben Chaplin (o mesmo de Além da linha vermelha) foi reconhecida como a melhor.

Vestida para arrasar

Dois meses depois de ser capa da Vogue brasileira, e agora vencedora do Globo de Ouro, além de indicada ao Oscar, a atriz Fernanda Torres fez aparição de peso na celebração dos 110 anos da Chanel. Escalada para a primeira fileira do desfile parisiense, no Grand Palais, Torres vestiu peça da coleção Métiers d'Art 2025.

 

 


  • Fernanda Torres veste Chanel, na Semana da Moda, em Paris
    Fernanda Torres veste Chanel, na Semana da Moda, em Paris Foto: AFP
  • Cena de Manual do Herói, de Fáuston da Silva
    Cena de Manual do Herói, de Fáuston da Silva Foto: Hoje Filmes/Divulgacao
  • A verdadeira dor multiplica o talento de Jesse Einsberg (E)
    A verdadeira dor multiplica o talento de Jesse Einsberg (E) Foto: Searchlight Pictures/Divulgação
  • Setembro 5: aposta nos bastidores de um trabalho de equipe
    Setembro 5: aposta nos bastidores de um trabalho de equipe Foto: Paramount Pictures / Divulgação
  • Diego Francisco (pilotando a moto) em Kasa Branca.
    Diego Francisco (pilotando a moto) em Kasa Branca. Foto: Vitrine Filmes
Ricardo Daehn
postado em 29/01/2025 00:01 / atualizado em 29/01/2025 11:02