
Historia(s) da arte brasileira é a nova mostra que Caixa Cultural que inaugura, hoje, às 19h. Construído ao longo de 30 anos, o acervo privado dos colecionadores Onice Moraes e José Rosildete de Oliveira ocupa a Galeria Vitrine até 13 de abril, com 65 artistas contemporâneos brasileiros e obras que abordam questões sociais e artísticas por meio da variedade linguística e da inovação. A exposição reúne obras de Athos Bulcão, Krajcberg, Ralph Ghere, Burle Marx, Galeno, Cheschiatti, Leda Catunda, entre outros.
Os curadores Renata Azambuja e Emerson Dionísio dividem os trabalhos em cinco núcleos: Primeiras Aquisições (de 1995 a 2005), Percursos da Linha, Corpóreos, Vistas e Fronteiriços. "Os núcleos surgiram das narrativas mais evidentes que encontramos dentro da coleção. Além das primeiras aquisições que representam um caráter histórico, temos outros quatro núcleos que miram nas linguagens e nos vocabulários das obras", explica Emerson.
Sobre o processo de montagem, Renata comenta: "Nossa escolha foi combinar a questão estética, visual e a importância do sujeito no panorama". Em uma variedade de técnicas e expressões da arte contemporânea, a exibição passeia pela pop arte de 1960, heranças do abstracionismo construtivismo, até chegar à arte urbana. "A coleção mistura artistas que atualizaram as questões do modernismo, até experimentações como a pop arte e as inovações contemporâneas", complementa Emerson.
A artista Clarice Gonçalves conta com dois de seus trabalhos escolhidos para a mostra, Talvez por efeito do quotidiano e Semiotics of the kitchen. Ambas se encontram no núcleo Fronteiriços, devido ao caráter experimental e o uso de múltiplas mídias, entre elas a pintura e o crochet. As obras refletem as duas fases do puerpério da artista, uma após o parto e uma durante a pandemia, quando precisou cuidar do filho sem nenhuma rede de apoio. "A combinação de escolhas espelhava meu momento de vida, criar com o que sobrou: de energia, de sanidade, de futuro", conta Clarice sobre Talvez por efeito do quotidiano. A artista aborda temas de papeis de gênero, trabalho de cuidado, maternidade, ecofeminismo e erotismo.
De acordo com a curadora, a coleção de Onice e José possui características únicas, resultantes de uma vivência peculiar dentro do ecossistema das artes: "Trata-se de um acervo construído por galeristas atentos às mudanças e aos humores do mercado, bem como às oscilações de gosto e de estratégias curatoriais. O acervo tem a capacidade de revelar a densidade específica de cada contribuição autoral enfocada, bem como os contextos da produção artística em Brasília, no Centro-Oeste e nos principais centros culturais brasileiros. Não há, portanto, uma só maneira de vislumbrar uma coleção tão diversa como essa. Ela permite inúmeros percursos e possibilidades".
*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco
História(s) da arte brasileira
Na Caixa Cultural Brasília, Galeria Vitrine (SBS, Quadra 4, Lote 3), a partir de hoje, às 13h, até 13 de abril.
Entrada gratuita.