
Ana Carolina Alves*
Na tentativa de desvencilhar a imagem de Karla Sofía Gascón de Emilia Pérez, depois de uma série de intervenções polêmicas nas redes sociais, que tiveram repercussão negativa, a produção do filme decidiu afastar a atriz das campanhas publicitárias para o Oscar, que ocorre dia 2 de março de 2025. Foram retirados pôsteres, cartazes e outdoors. Além disso, Karla Sofia não comparecerá aos eventos de promoção do filme.
Indicado a 13 categorias do Oscar, o filme Emilia Pérez, musical francês dirigido por Jacques Audiard, é alvo de muitas polêmicas desde seu lançamento em maio de 2024, no Festival de Cannes. De maneira semelhante a Ainda estou aqui, o principal adversário da produção brasileira foi aplaudido de pé em Cannes, além de ganhar três prêmios no Festival e quatro Globos de Ouro.
Emilia Pérez recebeu duras críticas no México, país onde se passa parte da trama, após sua estreia. O longa francês foi acusado de explorar a crise de violência no país e minimizar a gravidade dos crimes cometidos pelos cartéis de drogas ao apresentar esta narrativa de forma cômica.
Após a indicação ao Oscar de Melhor Atriz para Fernanda Torres (Ainda estou aqui) e Karla Sofía Gascón (Emilia Pérez), a espanhola recebeu ataques em suas redes sociais. Diante disso, Torres publicou um vídeo pedindo que os brasileiros enviassem amor a todas as indicadas, começando por Karla Sofía. Dias depois, em entrevista à Folha de S. Paulo, Karla afirmou que nunca falaria mal de Fernanda ou de seu filme, mas que pessoas ligadas a Ainda estou aqui a criticavam e a Emilia Pérez. A declaração provocou polêmica, com internautas questionando se a afirmação violava as regras do Oscar. No entanto, no mesmo dia, a atriz se retratou, evitando que o caso avançasse na Academia.
Pouco depois, Karla Sofía Gascón se viu em outra polêmica quando a jornalista canadense Sarah Hagi divulgou prints de antigas publicações da atriz. Nos posts, Gascón se referia a George Floyd como "um bandido viciado em drogas" e criticava o Oscar de 2021, dizendo que a premiação parecia "um festival afro-coreano, uma manifestação do Black Lives Matter [movimento antirracista] ou o 8M [movimento feminista]".
Depois da repercussão internacional negativa do caso, a atriz se pronunciou algumas vezes antes de desativar seu perfil na plataforma. Em nota enviada à revista The Hollywood Reporter, a atriz pede: "Por favor, perdoe-me mais uma vez se alguma das minhas palavras o magoou".
Com isso, as chances de Ainda estou aqui vencer as categorias indicadas ao Oscar aumentam, de acordo com as revistas americanas The Hollywood Reporter e Vanity Fair. Segundo o diretor executivo de cobertura de premiações da The Hollywood Reporter, os membros da Academia teriam dificuldade em votar no musical uma vez que "a própria Emilia Pérez se tornou tóxica" .
O filme tem estreia oficial no Brasil, amanhã, nos cinemas e depois vai para a plataforma de streaming, Telecine.
*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco