
Nem todo mundo começa sua carreira em Los Angeles vestindo grife da cabeça aos pés. Para Alanis Morissette, o figurino dos primeiros encontros profissionais era simples e bem confortável: moletom.
E foi justamente em uma dessas reuniões informais que a canadense cruzou o caminho de Madonna ou melhor, do bom gosto da rainha do pop.
Durante entrevista recente ao The Sunday Times, Alanis, hoje com 51 anos, relembrou o episódio quase inacreditável. Recién-chegada do Canadá, ainda anônima no cenário musical norte-americano, ela foi chamada para uma reunião na gravadora Maverick, fundada por Madonna.
Sem roupas “adequadas” no armário e sem intenção de gastar com algo mais sofisticado, a jovem compositora apareceu como estava: de moletom.
“Eu estava escrevendo o Jagged Little Pill, só usava moletom naquela fase”, contou. “O Guy Oseary [empresário e então executivo da gravadora] me chamou para conversar e eu fui do jeito que dava. Toquei ‘Perfect’, ‘Hand in My Pocket’, ‘You Oughta Know’… e fui contratada.”
Até aí, tudo bem. Mas Madonna, observadora que só ela, decidiu interferir no figurino da nova estrela.
“Ela estava por perto, opinando, envolvida. Um dia virou pra mim e disse: ‘Garota, vou te dar sua primeira blusa’”, contou Alanis, entre risos. O presente? Uma camisa da grife Prada. “Fiquei paralisada com o preço. Mas ela só disse: ‘Toma, querida’.”
Três décadas depois do lançamento de Jagged Little Pill, Alanis continua misturando sucesso com autenticidade. Seu estilo evoluiu, mas sem abandonar suas raízes: “Diria que é levemente eclético, com um foco no natural. Flores, tons terrosos… Mas com aquele toque anos 90 de glitter, desleixo charmoso e um certo ‘tô nem aí’”.
Essa mistura entre o despretensioso e o sofisticado define bem a cantora, que voltou aos palcos em 2025 com energia total. Após a passagem marcante pelo Lollapalooza Brasil, ela segue em turnê pelos Estados Unidos e Europa e já tem residência fixa em Las Vegas marcada para outubro, no The Colosseum Theater do Caesars Palace.
Alanis Morissette: Entre ícones, um gesto que ficou na memória
O encontro entre Madonna e Alanis é quase uma fábula da indústria pop. Uma jovem compositora sem grandes pretensões estilísticas, focada na música, é notada por uma veterana que enxerga ali um diamante bruto. O presente de Madonna, mais do que uma peça de roupa, representa um batismo simbólico, uma espécie de “bem-vinda ao clube” com assinatura de luxo.
E para quem conhece o espírito livre de Alanis, o presente não mudou sua essência só deu um toque fashion à sua jornada. Porque, como ela mesma disse: “Eu me importo, mas ao mesmo tempo não me importo”. E é exatamente por isso que a gente continua se importando tanto com ela.