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Lorde enfrenta compulsão e traumas em “Virgin”

Lorde transforma experiências íntimas em arte brutalmente honesta

Lorde enfrenta compulsão e traumas em “Virgin” -  (crédito: TMJBrazil)
Lorde enfrenta compulsão e traumas em “Virgin” - (crédito: TMJBrazil)

Lorde acaba de lançar o disco mais íntimo e corajoso de sua carreira. “Virgin”, disponibilizado em 27 de junho, marca uma virada intensa na trajetória da artista neozelandesa — tanto estética quanto emocional. Ao longo de 12 faixas confessionais, a cantora escancara temas como identidade de gênero, compulsão, distúrbios alimentares, relações familiares e até um teste de gravidez guardado como lembrança.

A primeira batida do álbum já soa como uma ruptura. Em “Man of the Year”, Lorde flerta com seu lado masculino, questionando os limites do próprio corpo e da expressão de gênero. A reflexão volta com força em “Hammer”, onde ela canta: “Alguns dias sou uma mulher, outros dias sou um homem”. A fluidez, para ela, não é um conceito — é experiência vivida.

Mas “Virgin” vai além do corpo. Ele invade a mente. Em “Broken Glass”, Lorde se debruça sobre os efeitos destrutivos de um transtorno alimentar. Com versos como “Odiei admitir o quanto paguei por isso” e “Quero socar o espelho”, a cantora traduz, com palavras cruas, um ciclo de dor e autoexigência. A música chega como um grito, um desabafo urgente.

A compulsão aparece de forma igualmente intensa em “Shapeshifter”. “Se estou bem sem isso, por que não consigo parar?”, pergunta ela, entre batidas aceleradas e mudanças bruscas de ritmo. O desejo e o descontrole se confundem, dando nome ao que tantas vezes é vivido em silêncio.

Em “Favourite Daughter”, Lorde abre o coração para sua família — ou, talvez, para a expectativa dela. A busca por aprovação parental atravessa a faixa, com frases como “Quebrando as costas só para ser sua filha favorita”. É performance, é confissão, é dor.

Até a intimidade mais privada encontra espaço em “Virgin”. Na delicada “Clearblue”, ela rememora um teste de gravidez. “Queria ter guardado o teste”, diz, como quem tenta eternizar um instante que mudou tudo.

Apesar da densidade dos temas, o álbum não perde sua beleza — ela só assume novas formas. As letras cortam como vidro, mas o instrumental equilibra com camadas suaves e vocais que flutuam entre o etéreo e o visceral.

Lorde renasce com “Virgin”: “Este álbum me destruiu e me recriou”

Lorde nunca soou tão crua — e tão livre. Com o lançamento de Virgin, seu quarto álbum de estúdio, a artista da Nova Zelândia abre um novo capítulo em sua carreira, um que ela mesma define como uma espécie de renascimento: “Este álbum me destruiu e forjou uma nova criatura em mim”, declarou em um texto publicado nas redes sociais, horas após o disco chegar às plataformas, na última sexta-feira (27).

O impacto do álbum não foi apenas artístico, mas profundamente pessoal. “Ainda estou em choque e maravilhada com o fato de tantos dos meus heróis terem trabalhado em Virgin. Isso me transformou”, escreveu ela, referindo-se aos produtores Jim-E Stack, Dan Nigro e Buddy Ross, que assinam a coprodução do projeto. “Colaborar com pessoas tão boas me mudou”, completou, prometendo uma homenagem especial a cada um deles.

Com letras que passeiam por dores íntimas, revelações sobre identidade e cicatrizes familiares, Virgin é um mergulho na vulnerabilidade. “Enquanto fazia o álbum, eu estava aprendendo a me amar nos momentos de mudança, crescimento, quebrantamento e totalidade”, confessou a cantora.

O disco já vinha sendo antecipado pelos singles “Man of the Year”, “Hammer” e “What Was That”. Mas é nas faixas inéditas — como “Shapeshifter”, “Current Affairs” e “GRWM” — que Lorde realmente entrega o coração. Segundo uma crítica da Rolling Stone, a artista “apaga partes de seu passado e abre espaço para a adulta em que se cristalizou”, entregando quase 40 minutos de um pop inquieto e cheio de texturas eletrônicas inesperadas.

Para marcar a chegada de Virgin, Lorde fez um show surpresa em Glastonbury, onde apresentou o álbum na íntegra. A performance, mantida em segredo até os minutos finais, viralizou nas redes sociais e foi descrita por fãs como “uma purificação em massa”.

Com um visual repaginado e uma sonoridade que mistura synthpop e confessionário, Lorde parece ter encontrado algo raro na música pop atual: uma nova versão de si mesma. E como ela mesma disse: “Estou tão orgulhosa de estar diante de vocês hoje como essa nova criatura. Obrigada, do fundo do meu coração — até as minhas células”.

 

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LS
postado em 02/07/2025 13:17
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