
Na esteira do sucesso arrebatador de Virgin, Lorde voltou a movimentar as redes sociais nesta semana ao abrir o jogo sobre o processo criativo de seu novo álbum — que já figura como a maior estreia global no Spotify desde seu lançamento, há poucos dias. Com críticas entusiasmadas e uma recepção calorosa dos fãs, o disco já é apontado como um dos trabalhos mais ousados e confessionais da artista até agora.
Em uma sequência de stories publicada em seu Instagram oficial, Lorde compartilhou curiosidades inéditas sobre a produção do álbum e comparou diretamente Virgin ao seu aclamado debut, Pure Heroine, lançado em 2013. E a comparação trouxe uma revelação surpreendente: ao contrário do que muitos acreditavam, a conexão entre o início e o fim do primeiro disco foi acidental. Já em Virgin, essa escolha foi totalmente intencional.
“As pessoas sempre acharam que o começo e o fim interligados de Pure Heroine eram intencionais; não eram. Mas começar e terminar Virgin na fonte foi”, escreveu a cantora.
Outro detalhe técnico que chamou atenção foi o carinho especial que Lorde demonstrou por certos elementos sonoros do álbum: “Meu som favorito no álbum está empatado entre o tremolo rasgado e o adlib gelado nos vocais no fim de ‘David’ e no início de ‘Hammer’”, disse.
A cantora também revelou que a faixa “David” foi a primeira a ganhar vida no estúdio, mas só ficou pronta quase no final do processo. Já “Clearblue” foi a última a sair do papel, enquanto “Broken Glass” fechou a fase de produção. Para Lorde, no entanto, o maior desafio foi a faixa Favourite Daughter.
“Ela acabou comigo”, confessou, se referindo às dificuldades de produção, interpretação vocal e composição da canção.
Além disso, a artista admitiu ter enfrentado crises de insônia durante a elaboração do disco e contou que uma de suas músicas preferidas ficou de fora da tracklist por fugir ao conceito central de Virgin. “Desviava demais da ideia”, afirmou. Ela também garantiu que há várias b-sides guardadas “a sete chaves”.
Depois de causar comoção com o encarte nu do álbum e de performar o disco na íntegra — e na ordem — durante um show surpresa no Glastonbury Festival, Lorde reforça com essas revelações que Virgin é um projeto visceral, planejado em cada detalhe, e que marca uma ruptura madura em sua trajetória.
Lorde cita Annie Ernaux como inspiração e revela desejo de compor para o cinema
Na última quarta-feira (02), a cantora Lorde concedeu uma entrevista à Vogue Australia, na qual compartilhou reflexões sobre sua trajetória artística, suas inspirações criativas e os caminhos que ainda deseja trilhar no futuro.
Durante a entrevista, Lorde revelou uma de suas principais referências fora do universo musical: a escritora francesa Annie Ernaux, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura. Segundo a cantora, a obra da autora é uma constante fonte de inspiração em sua escrita — seja para composições musicais ou para textos pessoais, como as cartas que envia aos fãs por e-mail. Para Lorde, a força das palavras está não apenas no conteúdo, mas na forma como são sentidas e transmitidas:
“Sou uma grande fã da Annie Ernaux. Eu frequentemente penso nela quando estou escrevendo qualquer coisa, desde uma canção até uma carta para a minha lista de e-mails. Eu realmente acho que as palavras têm muito peso — e ninguém as expressa melhor.”
Ao refletir sobre novas possibilidades em sua carreira, Lorde também demonstrou interesse em expandir sua atuação para o campo audiovisual.Vale lembrar que Lorde já fez parte da curadoria da trilha sonora do filme de Jogos Vorazes. A artista revelou que gostaria de colaborar com diretores de cinema, especialmente por meio da composição de trilhas sonoras originais.
“Se eu penso com quem gostaria de trabalhar no futuro, eu ficaria super interessada em trabalhar de perto com um diretor, fazendo música para um filme ou algo assim.”
Lorde e suas raízes maternas
Em entrevista anterior concedida à rádio australiana Triple J, a cantora abordou aspectos mais emocionais e simbólicos do novo álbum. Lorde revelou que a figura da mãe foi uma das maiores fontes de inspiração durante o processo criativo. Mais do que uma homenagem, o disco representou um reencontro com a própria ancestralidade e uma profunda reflexão sobre a linhagem feminina que a moldou:
“Eu pensei muito na minha mãe fazendo esse álbum. Pensei sobre o que vem antes de nós como mulheres, esse tipo de linhagem que nos alcança e nos molda. Sabe… eu entendi muito mais minha mãe fazendo esse álbum.”
Lorde lançou seu quarto álbum de estúdio, “Virgin”, na última sexta-feira (27). O projeto, que conta com 11 faixas, marca o retorno da artista aos lançamentos após o disco “Solar Power”, de 2021.