
Duda Beat mais uma vez prova que o pop brasileiro pode ser intenso, sensível e dançante — tudo ao mesmo tempo. Lançada nesta quarta-feira (10), “Nossa Chance” chega às plataformas como um mergulho profundo na tensão do que não se vive, mas se sente. Em parceria com o rapper TZ da Coronel, a cantora entrega uma faixa carregada de atmosfera, desejo e camadas emocionais, que também ganha clipe no mesmo dia.
A canção é um jogo de sedução entre dois universos. De um lado, Duda carrega sua voz suave, melódica, como se sussurrasse um segredo impossível. Do outro, TZ impõe presença com versos que aterrissam a fantasia no chão do concreto. É nesse contraste que “Nossa Chance” encontra força: a união do pop melódico com o trap noturno e sofisticado, produzindo uma experiência musical que parece acontecer em câmera lenta — e dentro da cabeça de quem ouve.
“Queria te viver o que eu imaginei”, canta Duda no refrão, encapsulando o espírito da faixa: uma paixão imaginada, um encontro que nunca se concretizou, mas que insiste em existir na memória sensorial. A produção valoriza essa ambiguidade, explorando sintetizadores aveludados, beats envolventes e uma construção quase cinematográfica. É uma canção que se move no espaço entre o que foi sonhado e o que nunca aconteceu — e ainda assim, deixou marca.
O videoclipe acompanha esse clima: Duda aparece em cenários que transitam entre a realidade e a fantasia, dançando com um vazio cheio de significados. A sensualidade é uma linguagem visual, mas também emocional — tudo é sugestão, tensão, antecipação. TZ, por sua vez, aparece como uma presença quase onírica, um reflexo de algo que poderia ter sido, mas não foi.
Em vez de oferecer respostas, “Nossa Chance” se contenta em provocar sensações. E isso é o que faz dela mais do que um simples feat. É a materialização do amadurecimento artístico de Duda Beat, que domina como poucos a arte de transformar sentimentos difusos em canções pop com profundidade.
“Nossa Chance” não é só sobre amor. É sobre ausência, sobre fantasia, sobre o espaço entre o olhar e o toque — e como esse intervalo pode ser mais poderoso do que qualquer realidade vivida. Duda Beat não entrega o óbvio. Ela entrega aquilo que permanece.
Duda Beat recorda que sofreu preconceito linguístico na carreira
Duda Beat, de 36 anos, participou do programa Sábia Ignorância, apresentado por Gabriela Prioli no GNT, e compartilhou experiências marcantes de sua carreira. A cantora pernambucana, que mudou-se para o Rio de Janeiro em busca de oportunidades, revelou ter enfrentado preconceito no início de sua trajetória musical.
Durante a entrevista, Duda Beat recordou um episódio em que um renomado produtor afirmou que seu sotaque poderia ser um obstáculo para o sucesso de sua música no Sudeste do Brasil.
“Lembro que quando fiz meu disco, um produtor super renomado ouviu e elogiou, mas disse que eu deveria mudar o sotaque, porque não ia pegar no Sudeste. Tive resistência das minhas músicas tocarem em rádio por causa disso, falavam que tinha elementos demais na minha canção,” relatou a artista.
Ela também falou sobre sua abordagem inovadora na música. Duda Beat explicou que, ao criar seu primeiro álbum, focou em misturar referências pessoais de maneira única, o que acabou marcando sua estreia no cenário pop alternativo.
“Juntei meu sonho de fazer a música do jeito que eu queria com a necessidade de inovar. Trazer elementos que ouvi a vida inteira e transformá-los em algo novo foi crucial. O primeiro disco não teve apenas um hit, o hit foi o disco inteiro,” afirmou.
Além disso, Duda Beat contou que inicialmente sonhava em ser médica para ajudar financeiramente o pai, mas mudou de rumo após participar de um curso de meditação que durou 10 dias.
“Durante o curso, entrei no banheiro e comecei a chorar muito. Foi uma experiência intensa e reveladora. Na época, pensava em ser médica, advogada ou engenheira, profissões que não tinham a ver com quem eu realmente era. Percebi que deveria ter seguido meu verdadeiro caminho desde sempre,” declarou.