
Antes da fama, dos palcos e dos hits, Pocah já brilhava — mas nos olhos atentos de ninguém menos que Vera Fischer. Em uma revelação emocionante no programa Sem Censura, apresentado por Cissa Guimarães, a cantora de 30 anos relembrou a relação marcante com a atriz, que, segundo ela, foi uma das primeiras pessoas a enxergar seu potencial artístico.
“Ela é maravilhosa, linda e me ensinou demais. Me ensinou a ser forte, a ter valores, a acreditar em mim. Ver a Vera Fischer olhar para você e dizer ‘Essa menina tem que ser alguma coisa’… foi transformador”, contou Pocah, visivelmente comovida.
A conexão das duas começou ainda na infância da artista, quando sua mãe trabalhava como babá do filho de Fischer, no bairro do Leblon, zona sul do Rio de Janeiro. E foi ali, nos bastidores do cotidiano, que a estrela veterana passou a alimentar o sonho que hoje move milhões de fãs da funkeira.
“Ela me deu essa força e essa vontade de querer ser artista. Ela via algo em mim quando eu mesma ainda não enxergava”, disse Pocah, ressaltando como esse olhar de incentivo foi decisivo para ela seguir no caminho da música.
A relação afetiva entre as famílias ia além dos conselhos: a cantora lembrou, com carinho, do dia em que Vera atravessou a cidade para ir até Duque de Caxias assistir a um show de rock. O filho da atriz, Gabriel, e o irmão de Pocah dividiam os palcos como integrantes de uma banda punk — e a então menina que acompanhava tudo dos bastidores já dava sinais de que a arte corria em suas veias.
“A Vera foi lá em Caxias ver um show deles. Parou tudo. Era o auge daquele momento e ela estava lá, de pé, prestigiando. Eu amava ir para os punk rock com eles. Meu irmão era rockeiro, o filho dela era baterista… aquilo tudo me formou de alguma forma.”
Pocah celebra o funk como força de identidade
Viviane Queiroz virou Pocah, mas foi o funk que transformou a menina de Queimados em um dos nomes mais marcantes da música brasileira. No Dia Nacional do Funk, a artista de 30 anos relembra sua trajetória, marcada por batidas poderosas, atitude e resistência. “O funk me ensinou a existir do meu jeito”, afirma. As declarações foram para a Quem.
Nascida na Baixada Fluminense, Pocah começou a cantar aos 15 anos e nunca mais saiu do compasso que a moldou. De lá pra cá, foram mais de 950 mil ouvintes mensais no Spotify, centenas de milhões de views no YouTube e colaborações com estrelas como Pabllo Vittar, Lexa e Rebecca — consolidando seu nome entre os principais expoentes femininos do gênero.
“Foi dentro do funk que eu me senti livre pela primeira vez. Aprendi a falar alto, vestir o que eu quero e não abaixar a cabeça”, diz ela, que também ficou nacionalmente conhecida ao participar do Big Brother Brasil. Hoje, usa a própria história como símbolo de empoderamento: mulher preta, funkeira, bissexual, mãe solo e empresária — uma combinação que ela mesma chama de “incontrolável”.
Em 2024, a cantora lançou Cria de Caxias, um álbum que mistura funk, pop, trap e reggaeton, com letras que resgatam vivências reais. O projeto foi destaque no Rock in Rio, ocupando o Espaço Favela, e embalou blocos e trios no Carnaval. “Esse disco é sobre minhas raízes, minha quebrada, minha verdade. Não tem como separar a Pocah da mulher que o funk formou.”
Mesmo com a relevância do ritmo, Pocah reconhece que o preconceito ainda ronda o movimento. “A gente ainda carrega muito julgamento por ser do funk. Mas eu tenho orgulho. Orgulho de quem eu sou, de onde vim e do que represento”, desabafa.
Além da música, a artista também expandiu seus passos para o mundo da moda e dos negócios. Já passou três vezes pelas passarelas da São Paulo Fashion Week e lançou sua própria linha de autobronzeadores. “O funk me deu coragem pra ir além. Mas tudo que construí foi com ele. Não existe Pocah sem funk.”
Ao lado da filha Vitória, de 9 anos, ela reforça que o funk é parte essencial da identidade brasileira. “É cultura popular, é criação coletiva, é resistência. Principalmente quando vem das mulheres pretas e periféricas que seguem abrindo caminho.”
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