Crítica

Um poder dos diabos: leia crítica do longa 'O ritual'

Baseado muito vagamente em caso real de exorcismo nos anos de 1920, 'O ritual' é genérico, mas eficiente

Crítica // O ritual ★★★

Mais de 20 anos antes dos acontecimentos que inspiraram o autor William Peter Blatty a escrever a obra que deu origem ao clássico do terror O exorcista (1973), houve um suposto exorcismo, em 1928. Indo até as catacumbas de uma paróquia, o diretor David Midell registra as imagens vivas e agoniantes, num registro de câmera na mão, que causa quase maresia, da adaptação de parte da vida da jovem Emma Schmidt (Abigail Cowen), que fica desacordada, se retorce, fica amarrada , mas não deixa de perturbar, desconjuntada, em cima de uma cama, convalescendo.

Um dos padres (Joseph Steiger, papel de Dan Stevens) traz a expressão intensa e uma inexperiência declarada, ao passo que o outro, Theophilus Riesinger, ganha dimensão profunda, dada a interpretação de Al Pacino. Muitas línguas e tendência à mutilação acompanham a jovem, a cada momento, em estado mais deplorável. Espasmos, tormentos e convulsões trazem a instabilidade, junto com as pesadas imagens de baldes transbordando sangue e de objetos que se movem a esmo, isso além dos olhos brancos e a postura tensa da protagonista.

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O roteiro de Enrico Natale e de David Midell pode até ser batido, mas ainda assim dá um pouco de brecha para que o espectador "espere o inesperado", como diz um personagem. Lastimável, o chamado "dragão libertino" que comanda as vontades da jovem desabona qualquer conclusão de relatório médico e desorienta o público, no filme convincente e à altura dos recentes Entrevista com o demônio e A primeira profecia.

 

 

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