
Em 13 de agosto de 1965, os Beatles lançavam “Help!”, o quinto álbum de estúdio da banda britânica que mudaria para sempre a história da música. O disco, que leva o mesmo nome do single homônimo, reúne alguns dos maiores sucessos do quarteto de Liverpool, incluindo “Ticket to Ride” e a icônica “Yesterday” — balada que, seis décadas depois, segue sendo uma das mais amadas pelos fãs.
Para marcar o aniversário, o perfil oficial do grupo nas redes sociais publicou a famosa capa do disco, com George Harrison, John Lennon, Paul McCartney e Ringo Starr posando de braços erguidos. A Apple Music também entrou na celebração, destacando a obra como um “álbum essencial” na discografia da banda.
A imagem que estampa o projeto foi concebida pelo fotógrafo Robert Freeman. Segundo ele, a ideia inicial era escrever “HELP” utilizando um código visual inspirado no semáforo de bandeiras, usado na comunicação à distância. No entanto, o resultado não ficou como o esperado, e o grupo acabou optando por posições de braços mais aleatórias, mas visualmente marcantes.
O mesmo ano trouxe também o segundo filme da carreira dos Beatles, batizado igualmente de “Help!”. A comédia musical acompanha a banda tentando escapar de um culto excêntrico, de um cientista maligno e de policiais trapalhões, tudo por causa de um anel de rubi sagrado que, preso ao dedo de Ringo, coloca o quarteto em fuga por cenários como o Palácio de Buckingham, os Alpes austríacos e as praias das Bahamas. No meio das aventuras, canções do álbum, como “Another Girl” e “I Need You”, ganham vida nas telas.
Beatles: o disco que marcou a perda da inocência
Quando John Lennon cantou “When I was younger, so much younger than today…” em 1965, poucos perceberam que aquele não era apenas o desabafo de um jovem coração partido. Era o prenúncio de uma transformação profunda — não só dos Beatles, mas de toda uma geração que crescia junto com eles. Lançado em 6 de agosto daquele ano, o álbum Help! não apenas refletia a transição da banda da juventude para a vida adulta, mas também anunciava uma mudança radical na música e na cultura pop.
Até então, John, Paul, George e Ringo eram os queridinhos da juventude, mas também jovens em processo de autodescoberta, explorando novas fronteiras internas e externas. Se em 1964 o encontro com Bob Dylan apresentara a maconha, em 1965 o LSD surgia como uma porta para dimensões ainda mais profundas, alterando não só a percepção deles, mas o rumo artístico do grupo.
A influência de Dylan foi fundamental, especialmente para Lennon, que passou a incorporar letras mais introspectivas e confessionais. O próprio Help! é carregado desse tom de angústia e honestidade, especialmente na faixa-título, onde a sensação de insegurança e vulnerabilidade é clara — um grito silencioso por auxílio em meio à névoa da fama e das mudanças internas.
Mas o impacto da psicodelia vai além da palavra: a primeira experiência acidental de LSD, proporcionada pelo dentista John Riley, mudou para sempre a visão de mundo dos músicos, principalmente de George Harrison, que descreveu a viagem como uma revelação espiritual. Essa nova consciência, embora tímida em Help!, prenunciava as experimentações sonoras que explodiriam nos álbuns seguintes, como Revolver e Sgt. Pepper’s.
Musicalmente, Help! rompeu barreiras. Instrumentos inéditos na discografia da banda, como o piano elétrico, flautas e um quarteto de cordas, enriqueceram o álbum e revelaram uma banda disposta a evoluir e experimentar. “Yesterday”, balada emblemática de Paul McCartney, é talvez o maior símbolo desse amadurecimento: uma canção carregada de melancolia e sofisticação, cuja origem está ligada a um sonho do próprio Paul e que, até hoje, é a música mais reinterpretada da história.
O sucesso estrondoso do álbum levou os Beatles a baterem recordes históricos, como o show para 55 mil pessoas no Shea Stadium, em Nova York, antecipando a era dos megaeventos musicais. Contudo, a mesma jornada que começou com “Help!” também indicava o fim das turnês e o início de um período marcado por uma busca mais intensa, tanto pessoal quanto artística.