Cinema

Engajamento bombástico: confira a crítica do novo filme com DiCaprio

Novo filme do mestre Paul Thomas Anderson mistura drama, críticas sociais e a força de personagens femininos, num carrossel emocional ancorado pela literatura de Thomas Pynchon

Uma batalha após 
a outra: trama de ação política
 -  (crédito: Fotos: Warner)
Uma batalha após a outra: trama de ação política - (crédito: Fotos: Warner)

Crítica // Uma batalha após a outra ★★★★

Um império do medo e de fascismo delineou o livro Vineland, de Thomas Pynchon, agora, no cinema, adaptado por Paul Thomas Anderson, que incorporou debates sobre a "maldita" mestiçagem, expostas em preconceitos gritantes, e uma corrente de ações de guerrilheiros libertários que desemboca em enorme repercussão no futuro dos personagens de Leonardo DiCaprio e Chase Infinity, pela ordem, Bob e Willa, na telona. Citando o clássico A Batalha de Argel (1966), sem abrir mão de tons autorais, Anderson (num filme eletrizante) investe em elementos de cinema aos moldes de Oliver Stone, Christopher Nolan, Denis Villeneuve e até Almodóvar.

Não à toa, o clímax do filme vem em nervosa edição numa perseguição de carros em sinuosa estrada do deserto: são muitos os elementos encadeados — de vida dos "senhores supremos do capitalismo" passando por terrorismo e desembocando na declaração de guerra contra o governo — no enredo que destrinça eventos da organização política French 75. Uma espécie de seres lunáticos que vestem a carapuça reservada a um suposto "chamado" reservado para pessoas "superiores" (que remete a O mestre, de Paul Thomas) dá espaço para uma composição ensandecida de Sean Penn, na pele do inescrupuloso Coronel Steven J. Lockjaw.

O dinâmico filme do mesmo realizador de Boogie nights e Licorice Pizza trata de traições (com diálogos pesados que citam de "filha de uma cadela" a "mexicanos fedorentos") e capricha na qualidade das combatentes femininas Perfídia (Teyana Taylor, no papel de uma raivosa grávida) e Juglepussy (Shayna McHayle), defensora do black power. Na base de um humor cortante, o diretor ainda explora a demência dos que querem impor limites para terceiros, com controles como gaiolas para humanos e liquidação daquele que veem como "loucos e haters".

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Um mundo subterrâneo, feito de túneis e fugas, é imposto para alguns personagens como Bob e Sensei Sergio St. Carlos (um pacifista treinador de lutas, papel de Benicio Del Toro). Junto com a perfeita trilha sonora de Johnny Greenwood, músicas como Soldier boy, Dirty work e Perfidia — mujer, si puedes tú con Dios hablar criam perfeito ambiente, incrementadas pelo irretocável desenho de produção assinado por Florencia Martin (indicada ao Oscar por Babilônia). Um filmaço.

 

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postado em 26/09/2025 07:58
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