
O rapper Oruam, filho do conhecido traficante Marcinho VP, voltou a chamar atenção do público ao lançar uma nova música inspirada em sua recente experiência na prisão.
De acordo com a colunista Fábia Oliveira, do portal Métropoles. Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, nome de batismo do artista, ficou detido por pouco mais de dois meses na Penitenciária Serrano Neves, em Bangu, Zona Oeste do Rio de Janeiro, e desde a soltura, na tarde desta segunda-feira (29/9), tem compartilhado sua visão sobre o episódio.
Na composição, Oruam expressa a sensação de injustiça e o peso de ser associado ao pai. Com versos intensos, ele reforça que sua prisão representou a detenção de um jovem que “apenas se parecia com o pai”, destacando o sentimento de ser punido por algo que não controlava.
“Fiz errado, mesmo tentando fazer o certo / Me jogaram lá dentro sozinho / Vi Jesus numa cama de concreto / Nunca fui fraco, sempre fui forte / Não vai cair uma lágrima de dentro dos meus olhos / Sabe por que? O Estado massacra demais”, canta o rapper.
Oruam utilizou o período na cadeia para compor e refletir sobre sua trajetória. Segundo ele, a música se tornou uma forma de resistência e expressão pessoal. Em outro trecho da canção, o rapper ressalta:
“Prenderam só um menino que tava parecido com o pai / Naquele dia que cantou o alvará / Cês não venceram, só prenderam o menino / Não quero nada, só que me deixem cantar / Dentro da cadeia eu escrevi uma poesia / Não sou o brabo e muito menos bam-bam-bam / Mas dentro do presídio ‘seu’ polícia era meu fã.”
O lançamento revela não apenas sua habilidade musical, mas também um olhar crítico sobre o sistema prisional brasileiro e o tratamento dado a jovens com vínculos familiares controversos. A narrativa de Oruam mostra como a arte pode se tornar um canal de protesto e resiliência diante de adversidades pessoais e sociais.
Oruam: Liberdade e restrições pós-prisão
Apesar da liberdade, Oruam ainda precisará cumprir medidas cautelares determinadas pela Justiça. Ele terá de se apresentar mensalmente em juízo, manter residência fixa com endereço e telefone atualizados, e está proibido de frequentar o Complexo do Alemão e outras áreas consideradas de risco.
A prisão inicial ocorreu em julho, durante uma operação da Polícia Civil que mirava “Menor Piu”, adolescente acusado de atuar como segurança de Edgar Alves de Andrade, o Doca, e classificado como um dos principais ladrões de carros do Rio de Janeiro.
Desde a libertação, o rapper tem sido recebido por fãs e familiares, demonstrando a repercussão positiva de seu retorno e a expectativa pelo novo trabalho. A música lançada por Oruam não só narra experiências pessoais, mas também evidencia o impacto que a herança familiar e as circunstâncias do sistema legal exercem sobre jovens artistas no país.
Com sua narrativa crua e introspectiva, Oruam consolida uma imagem de artista que transforma experiências difíceis em arte, mostrando maturidade e reflexão mesmo diante de desafios legais e pessoais. A nova composição está disponível nas plataformas de streaming, permitindo que fãs e o público em geral acompanhem sua perspectiva única sobre liberdade, justiça e legado familiar.