
Ícone eterno do heavy metal, Ozzy Osbourne deixou, além de sua música, um testamento emocional em forma de livro. Lançado postumamente nesta semana, “Last Rites” (“Últimos ritos”) traz relatos francos e dolorosos sobre um dos períodos mais turbulentos de sua vida: a crise em seu casamento com Sharon Osbourne, com quem foi casado por mais de quatro décadas.
O roqueiro, que morreu em julho deste ano, aos 76 anos, escreveu sem rodeios sobre os bastidores da separação de 2016 — episódio que veio à tona após Sharon descobrir uma série de traições. O casal, que construiu juntos uma das histórias mais duradouras e intensas do showbiz, chegou a se afastar por dois meses antes de reatar.
“Chega um momento em que você fica preso e não consegue parar de vê-las, porque acha que elas vão procurar a imprensa”, recorda Ozzy no livro. “E foi basicamente isso que aconteceu. Sharon ficou tipo: ‘Que porra você esperava, Ozzy? Se você estiver saindo com mulheres o suficiente, uma delas vai querer mais. E é essa que vai fazer tudo ruir na cabeça de todo mundo.’”
O músico reconhece os danos que causou: “Parti o coração da minha mulher e tive sorte que ela me perdoou. Só espero que todas as pessoas que magoei saibam o quanto sinto muito — incluindo as crianças, que foram gravemente afetadas.”
Na época, o escândalo levou Ozzy a buscar tratamento para o vício em sexo, revelado publicamente em 2016. Poucos meses depois, o casal se reconciliou — e, em maio de 2017, renovou os votos de casamento em Las Vegas, celebrando o que ele chamou de “um novo começo”.
“Para mim, este foi o verdadeiro dia do nosso casamento. Sem Sharon, eu não sou nada. Posso dizer honestamente que nunca amei ninguém além dela”, declarou Ozzy à revista Hello! na ocasião. Sharon, por sua vez, descreveu a reconciliação como uma reconstrução de confiança e amor: “Foi difícil, mas nos apaixonamos novamente.”
O livro, lançado meses após sua morte, ecoa o tom de confissão de quem sabia estar se despedindo. Entre arrependimentos e declarações de amor, Ozzy Osbourne deixa claro que, para além do mito do ‘Príncipe das Trevas’, existia um homem em busca de perdão — e de paz.
Ozzy Osbourne enfrentou depressão profunda em meio a grave desgaste físico
O novo documentário Ozzy: No Escape From Now, filmado entre 2021 e o início de 2025, mostra um lado pouco visto da lenda do rock: sua luta interna contra a depressão em meio a um cenário de saúde cada vez mais debilitado.
Ozzy Osbourne, que faleceu aos 76 anos em 22 de julho de 2025, abriu o coração em cenas íntimas da produção ao confessar que chegou a pensar em suicídio. Ele disse que estava tomando antidepressivos e que, por vezes, sentia que “não havia mais razão para continuar”.
“Estava me preparando para me matar em algum momento … mas aí pensava: ‘Do que você está falando?’ … Eu não morreria, sabe? Essa é a minha sorte”, ele narra em uma das cenas.
O documentário destaca que muito do desmoronamento emocional de Ozzy se deu por conta de complicações físicas, que avançaram após uma cirurgia no pescoço realizada em 2019. Sharon Osbourne, sua esposa, afirma que ele vivia em dores tão intensas que chegava a desejar não existir mais.
Outro ponto revelado por seu filho Jack é que a operação teria causado danos nervosos permanentes, limitando gravemente sua mobilidade. Segundo ele, muitos dos sintomas atribuídos ao Parkinson foram agravados por esse trauma:
“O dano nervoso… isso me deixa com muita raiva porque acho que tudo isso poderia ter sido evitado.”
Ozzy foi diagnosticado com doença de Parkinson por volta de 2020, mas seu declínio já vinha de antes. Ele também enfrentou quedas graves, infecções e complicações respiratórias, o que contribuiu para sua fragilidade física nos últimos anos.
Mesmo assim, o documentário mostra que ele buscava refúgio na música. A composição e gravação de álbuns como Ordinary Man (2020) e Patient Number 9 (2022) aparecem como âncoras emocionais formas de resistir diante da dor.
Ozzy: Um fim doloroso e cheio de coragem
Seu último show, Back to the Beginning, em 5 de julho de 2025 no Villa Park em Birmingham, foi um momento simbólico e doloroso. Mesmo com o corpo combalido, Ozzy entrou no palco pela última vez, um ato de resistência e afirmação de sua identidade artística.
O documentário No Escape From Now estreia em 7 de outubro na Paramount+, e promete ser uma viagem profunda pelos últimos anos do músico, misturando dor, lucidez e momentos de ternura que revelam o homem por trás da lenda.
