
Mesmo após mais de cinco décadas moldando o heavy metal, Ozzy Osbourne não parecia disposto a desacelerar. O lendário vocalista do Black Sabbath, que faleceu repentinamente em julho aos 76 anos, ainda alimentava o desejo de gravar um novo álbum de estúdio — um projeto que seria o sucessor de “Patient Number 9” (2022) e marcaria mais um capítulo em sua trajetória musical.
Em entrevista ao site norte-americano NJ.com, o guitarrista Zakk Wylde, amigo e parceiro de longa data de Ozzy, revelou que o vocalista já o havia convocado para o estúdio. Segundo ele, o cantor estava entusiasmado com a ideia de revisitar o som mais melódico de clássicos como “No More Tears”.
“Ele me mandava mensagens dizendo: ‘Zakk, vamos fazer outro disco. Eu quero voltar àquele estilo, pesado, mas melódico’. E eu respondi: ‘Tudo bem, chefe, vamos nessa’”, contou Wylde.
Infelizmente, o projeto nunca chegou a sair do papel. Pouco depois de concluir as gravações de um documentário para a BBC e finalizar seu livro de memórias, “Last Rites”, Ozzy faleceu, deixando fãs e colegas de banda em choque.
Segundo Wylde, Ozzy parecia determinado a encerrar um ciclo de maneira grandiosa. Além do livro e do documentário, o músico havia se reunido com os integrantes do Black Sabbath em sua cidade natal, Birmingham, para um show histórico — o primeiro e, agora se sabe, o último desde a aposentadoria dos palcos.
“Ele fez o show, terminou o livro, gravou o documentário… e depois disse: ‘Pronto, terminei’”, revelou o guitarrista. “Ele realmente parecia em paz com tudo.”
Wylde também relembrou o que se tornou sua última performance ao lado de Ozzy — um momento que, na época, ele não imaginava ter tanto peso emocional.
“Quando subimos ao palco, eu só pensava em tocar e me divertir. Não imaginei que seria a última vez que faríamos ‘Crazy Train’ juntos”, contou. “Ozzy sempre foi sobre celebrar a música, nunca sobre despedidas.”
Ozzy Osbourne: O espírito indomável do Príncipe das Trevas
Mesmo enfrentando problemas de saúde nos últimos anos — incluindo complicações após uma cirurgia na coluna —, Ozzy continuava criativo e espiritualmente inquieto. Seus amigos relatam que ele se mantinha otimista e falava com entusiasmo sobre novas ideias musicais, colaborações e turnês imaginárias.
Com a autobiografia “Last Rites” e o documentário da BBC prestes a serem lançados, os fãs terão a oportunidade de revisitar a mente do artista que redefiniu o metal com autenticidade, humor e uma intensidade inigualável.
Mais do que um adeus, o que fica é a sensação de que Ozzy nunca realmente parou — nem de cantar, nem de sonhar. E, como todo verdadeiro ícone do rock, ele continua ecoando nas guitarras distorcidas, nos gritos de arena e em cada “Yeah!” que marcou gerações.
