
Charli XCX viveu um dos anos mais marcantes de sua carreira com o fenômeno “Brat”, álbum que se tornou um símbolo cultural e consolidou a artista como uma das vozes mais influentes do pop alternativo. Mas, nos bastidores do sucesso, a cantora britânica revelou ter enfrentado um período de esgotamento profundo e bloqueio criativo que a deixou “vazia” e “presa em um ciclo estéril”.
Em uma carta aberta publicada em sua nova conta no Substack, Charli desabafou sobre o difícil período pós-lançamento. “Eu ainda amo Brat, não me entendam mal, mas eu estava louca para seguir em frente e, ao mesmo tempo, frustrada por estar tão esgotada que não conseguia”, escreveu. “Eu estava presa, vazia, girando em círculos. Não conseguia nem ouvir música sem me sentir deprimida. Tudo parecia chato, mesmo quando não era.”
O sucesso de Brat foi imenso: o álbum rendeu a Charli prêmios no Grammy e no BRIT Awards, além de impulsionar a tendência global conhecida como “Brat Summer”, que transformou o projeto em um verdadeiro manifesto pop. Ainda assim, a artista revelou que por trás da aclamação havia insegurança e medo de ser deixada de lado pela própria gravadora.
Em conversa recente com Gwyneth Paltrow no podcast Goop, Charli revelou que encarou o projeto com um espírito quase de despedida. “Fiz esse disco pensando: ‘OK, este será só para mim. Talvez eu seja dispensada pela gravadora — e tudo bem.’ Era assim que eu me sentia”, confessou.
A pressão, o cansaço e a responsabilidade de corresponder às expectativas fizeram a cantora se afastar temporariamente do processo criativo. “Fiquei exausta. Eu me sentia travada, sem energia para compor ou criar algo novo. O silêncio começou a me sufocar”, descreveu.
Charli XCX: inspiração literária e trilha sonora inédita
A virada, no entanto, veio com um novo desafio: Charli foi convidada para compor músicas para a trilha sonora da adaptação cinematográfica de “O Morro dos Ventos Uivantes” (Wuthering Heights), clássico da literatura inglesa. A proposta reacendeu sua inspiração e marcou o início de uma nova fase.
“Depois de estar tão imersa em Brat, fiquei empolgada com a ideia de mergulhar em algo completamente diferente. Penso em paixão, dor, coragem, na Inglaterra, na lama, no frio… tudo isso faz parte da essência dessa história”, disse Charli em suas redes sociais.
A primeira amostra desse novo projeto é a faixa “House”, lançada nesta semana e que conta com a participação de John Cale, ex-integrante do The Velvet Underground — um dos grandes ídolos da cantora. A colaboração foi recebida com entusiasmo pelos fãs, que comemoram o retorno criativo da artista.
Mesmo após o desgaste emocional que se seguiu ao sucesso de Brat, Charli XCX mostra que continua reinventando sua própria arte. Do caos à catarse, a cantora transforma vulnerabilidade em força — e prova mais uma vez que a verdadeira ousadia está em nunca parar de criar.
