Crítica

'Sorry, baby' chega com Eva Victor no elenco e direção, em trama feminista

A trama, de tom bem intimista, narra a trajetória pessoal da protagonista Agnes e inclui Naomi Acki no elenco

Crítica // Sorry, baby ★★★★

Antes de adentrar o mundo da protagonista de Sorry, baby, vale lembrar da máxima no novo clássico que trouxe o derrotado (mas afável boa-praça) professor Paul Hunham (interpretado por Paul Giamatti), em Os rejeitados: "a adversidade molda o caráter".

Na mesma região da Nova Inglaterra, de Os rejeitados, encontra-se o cenário do meio acadêmico frequentado pela protagonista de Sorry, baby, Agnes (papel interpretado pela própria diretora estreante Eva Victor), virtualmente, uma preciosidade intelectual que guia toda a mordacidade da comédia em foco.

Testemunha de um crescimento pessoal da amiga Lydie (Naomi Acki, de Mickey 17), Agnes está represada numa estagnação, mesmo que num lar aconchegante e abastecida da riqueza da leitura de livros. O trauma de uma violência (nunca representada na tela) sugestionada circunda a moça, algo caída por Gavin (o ótimo Lucas Hedges).

Eva Victor se empenha em maquinar com maestria a ausência e a vilania do professor Preston (Louis Cancelmi, de Assassinos da lua das Flores e Os olhos de Tammy Faye), que arma uma repugnante arapuca para a ex-aluna e futura docente. Ainda que bem menos incisivo do que o caso de agressão descrito no recente Depois da caçada (com Julia Roberts), Sorry, baby desdobra, cortantemente, a mentalidade de uma mulher estilhaçada, mas resistente.

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Entre amenidades como o degustar de um simplório sanduíche (ao lado do coroa Pete, feito por John Carroll Lynch) e os momentos agradáveis com um gato e um bebê, Agnes persiste e consegue até perdoar a hilária invejosa (personagem de Kelly McCormack).

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