O Banco Central (BC) não acredita que o Brasil vai sofrer com uma onda de contágio do novo coronavírus, como corre o risco de acontecer em países desenvolvidos que pareciam já ter superado a pandemia. Porém, está pronto para atuar e voltar a estimular o crédito no país caso isso aconteça.
A visão do BC sobre o processo de retomada da crise do novo coronavírus foi apresentada, nesta quinta-feira (13/8), pelo diretor de Política Econômica do BC, Fabio Kanczuk, em live realizada pela Associação de Bancos do Estado do Rio de Janeiro (Aberj).
"Nosso cenário básico, o mais provável que vai acontecer, não tem uma segunda onda, que é a grande ameaça atual, principalmente nos países desenvolvidos em que a pandemia parecia que tinha acabado. [...] Mas, se ocorrer uma segunda onda, a gente vai com tudo de novo. A gente está pronto para atuar mais uma vez e fazer políticas de expansão crédito de novo", declarou o diretor do BC.
Ele lembrou que a atuação do BC é "mais reativa do que proativa". Ou seja, virá caso a autoridade monetária observe alguma dificuldade pela frente. E destacou que, como essa segunda onda não está nas projeções atuais, o que o BC espera é que a economia brasileira continue em um processo de retomada nos próximos meses.
Kanczuk admitiu, porém, que essa recuperação será lenta e desigual entre os setores econômicos. Afinal, setores que dependem do contato social têm demorado mais a se recuperar. É o caso do setor de serviços, que representa cerca de 60% da economia brasileira e só saiu do fundo do poço da crise de covid-19 em junho, enquanto a indústria e o varejo já davam sinais de retomada desde maio, conforme divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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"Essa crise aqui não precisa ser um U. Pode voltar mais rápido. Mas a gente acredita que também não vai voltar em V, porque vai ter setores que não conseguem retomar devido ao afastamento social. É isso estamos notando pelos dados. O dado de serviços mais uma vez mostra isso", afirmou Kanczuk.
Por conta de todas essas incertezas sobre o ritmo da pandemia e da recuperação econômica, Kanczuk preferiu não falar sobre política monetária na live da Aberj. Ele chegou a ser questionado sobre o rumo da Selic, que recentemente foi reduzida para a mínima histórica de 2% ao ano devido à crise da covid-19. Mas disse que, por enquanto, prefere não falar dos juros de curto prazo.
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