CARESTIA

Alta do IGP-M pressiona correção dos contratos de aluguéis

Índice usado como base para corrigir contratos de locação sobe 4,24% em setembro e 17,94% em 12 meses, refletindo elevação do dólar e das commodities

Jailson R. Sena*
postado em 30/09/2020 06:00
 (crédito: Antonio Cunha/CB/D.A Press - 20/1/16                      )
(crédito: Antonio Cunha/CB/D.A Press - 20/1/16 )

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado como referência em contratos de aluguel, acelerou em setembro e registrou alta de 4,34%, bem acima dos 2,74% de agosto, que já havia mostrado forte elevação. Com este resultado, o índice acumula um avanço de 14,40% no ano e de 17,94% em 12 meses, segundo informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV).

Com a alta do IGP-M, os aluguéis que têm cláusula de reajuste baseada no índice ficam sujeitos a sofrer aumentos semelhantes. No entanto, o presidente da Comissão de Direito Condominial da Ordem dos advogados do Brasil (OAB), Antônio Marcos da Silva, diz que os valores podem subir, mas que não é o momento certo para isso. “Estamos em um momento de refluxo da economia, no qual todos têm de negociar para manter os valores que são cobrados”, disse.

O advogado observa que, devido à pandemia da covid-19, muitas pessoas e empresas estão com “dificuldades, principalmente o setor do comércio”. Por isso, ele acredita que o aumento do IGPM não terá reflexo igual ao dos últimos anos. “O momento é de manter ou reduzir (o valor do aluguel) e encontrar soluções que diminuam a possibilidade de inadimplência”, acrescentou.

O coordenador de Índices de Preços da FGV, André Braz, observou que, neste mês, os três indicadores que compõem o IGP-M registraram aceleração, com destaque para o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que subiu 5,92%, ante 3,74% em agosto. O indicador foi influenciado pela alta das cotações do dólar e do preço das commodities no mercado internacional. “O IPA segue pressionado pela alta de commodities, como a soja em grão, que subiu 14,32% em setembro”, explicou Braz.

Na análise por estágios de processamento, a taxa do grupo de bens finais aumentou 2,83% em setembro. O que mais contribuiu para esse aumento foram os alimentos processados, cuja taxa passou de 2,98% para 5,99%, de agosto para setembro. O índice relativo a bens finais (ex), que exclui os subgrupos alimentos in natura e combustíveis para o consumo, subiu 3%, ante 1,49% no mês anterior.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), outro dos componentes do IGP-M, avançou 0,64% em setembro, ante 0,48% em agosto. Três das oito classes de despesa que integram o índice registraram alta. A principal delas veio do grupo educação, leitura e recreação (de -0,62% para 1,73%).

“No IPC, o destaque coube ao subgrupo recreação cuja variação foi de 4,77%, sob influência de passagens aéreas, que avançaram 23,74% nesta apuração”, destacou Braz.
Também apresentaram acréscimo os grupos alimentação (de 0,61% para 1,30%) e transportes (de 0,87% para 1,07%). Nessas classes de despesas, vale mencionar os seguintes itens: hortaliças e legumes (de -7,20% para -3,10%) e gasolina (de 2,66% para 3,36%).

Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) teve alta de 1,15% neste mês, ante 0,82% no mês anterior. “Entre os componentes desse indicador, destacam-se materiais e equipamentos, cujos preços avançaram em média 2,97% no mês e 9,67% em 12 meses”, finalizou André Braz.

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Petrobras reajusta gasolina em 5%

 (crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press - 12/12/18 )
crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press - 12/12/18

A Petrobras anunciou ontem reajuste de 5% no preço da gasolina nas refinarias, fechando a segunda semana seguida com aumento dos combustíveis. O diesel subiu 3% e o Dmar (combustível marítimo), 3,1%. O reajuste começa a valer a partir de hoje e pode ter um reflexo de cerca de nove centavos nos postos de abastecimento.
Segundo a Associação Brasileira das Importadoras de Combustíveis (Abicom), os impactos dos reajustes, para o consumidor, serão de R$ 0,0489 no litro do diesel e de R$ 0,0831 no da gasolina. O presidente da Abicom, Sérgio Araújo, explicou que os preços dos combustíveis seguem a paridade internacional. “Há quase 60 dias, os preços no mercado externo têm subido, e a Petrobras não reagiu a isso; quer dizer que os preços no mercado interno estão bem abaixo do exterior”, observou.
“Qualquer empresa que vende uma mercadoria que possa ser comprada e vendida para qualquer continente, precisa acompanhar a cotação internacional ou acaba perdendo dinheiro. A Petrobras tem seguido essas cotações, e o dólar é o que mais tem pressionado o preço do combustível”, explicou o professor da Universidade de Brasília (UnB) Victor Gomes.
Nos últimos dias, o barril do petróleo apresentou queda. Ontem, a cotação do tipo Brent recuou 1,57%, para US$ 41. Por sua vez, o dólar estava em R$ 5,53 na última quinta-feira e fechou ontem a R$ 5,63, aumento de R$ 0,10 em menos de uma semana.
Na semana passada, a estatal já havia anunciado aumento de 4% da gasolina nas refinarias. Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF), Paulo Tavares, o repasse anterior ainda não chegou aos postos. “O revendedor pode estar segurando esse repasse com medo de perder o cliente, devido à pandemia. Mas chega uma hora que não há como não repassar. Pode ser que esse aumento chegue a R$ 0,15 nos postos entre o fim dessa semana e a próxima”, explicou.
A estudante Manuela Moura, 21, conta que observa grande oscilação no valor da gasolina pela cidade. “Na última vez em que abasteci, o litro da estava em R$ 4,19, mas, durante a semana, percebi queda para R$ 3,99 e, posteriormente, para R$ 3,77. O valor muda muito. Em pontos centrais de Brasília o preço é maior, em áreas mais periféricas, é mais em conta.”
O comerciante Alysson Barbosa, 42, disse que, ao abastecer, procura pelos postos com o preço mais em conta. “No caminho para o meu trabalho há uma grande variação desse preço, entre R$ 3,57 e quase R$ 5. Opto por aqueles que oferecem pagamento por aplicativo onde o valor é menor, já que preciso abastecer quase toda semana”, contou Barbosa.

*Estagiários sob supervisão de Odail Figueiredo

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