Conjuntura

Serviços crescem 2,9% em agosto, mas ainda sofrem com a pandemia

Segundo o IBGE, mesmo após três altas consecutivas, o setor de serviços ainda está 9,8% abaixo do patamar de fevereiro. Uma das dificuldades para a retomada é o contato físico limitado, em razão das restrições impostas pelo isolamento social

Marina Barbosa
postado em 14/10/2020 09:55
 (crédito: APU GOMES / AFP)
(crédito: APU GOMES / AFP)

O setor de serviços cresceu 2,9% em agosto, no terceiro mês consecutivo de recuperação. Porém, ainda não reverteu todas as perdas sofridas na pandemia de covid-19. Por isso, acumula uma queda de 9% neste ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada nesta quarta-feira (14/10) pelo IBGE; o avanço de 2,9% de agosto foi sentido por quase todos os segmentos do setor de serviços e sucede crescimentos de 2,6% em junho e 5,3% em julho. Porém, ainda não foi suficiente para compensar as perdas da pandemia porque, entre março e maio deste ano, o setor sofreu um baque de 18,9%.

“Apesar de três altas seguidas, o setor de serviços ainda está 9,8% abaixo do patamar de fevereiro”, afirmou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.

A alta de agosto também não deixa os serviços em uma situação confortável na comparação anual. Segundo o IBGE, o setor ainda está 10% abaixo do nível observado no mesmo mês de 2019 e acumula um baque de 9% nos primeiros oito meses de 2020. No acumulado dos últimos 12 meses, o tombo chega a 5,3%, o pior resultado da série histórica deste indicador, que começou em dezembro de 2012.

Lobo explicou que o setor está demorando mais que a indústria e o comércio para se recuperar da crise do novo coronavírus porque muitas das suas atividades dependem do contato físico, que continua limitado mesmo com a flexibilização do isolamento social.

“Os serviços prestados às famílias, que incluem restaurantes, hotéis, academias de ginástica e salões de beleza foram os que mais sentiram os efeitos adversos da pandemia. Com a retomada das atividades, algumas empresas abriram, mas com capacidade de atendimento limitada. Essas empresas mostram alguma recuperação, mas com um ‘teto de retomada’, já que não têm plena capacidade de atendimento, comparada ao período pré-pandemia. Isso piora com o receio de algumas famílias de consumir esses serviços, como ir a restaurantes ou viajar”, explicou o gerente da PMS.

Segmentos

Por conta dessa dependência do contato físico, os serviços prestados às famílias ainda precisam crescer 72,2% para chegar ao nível pré-pandemia, mesmo tendo apresentado crescimentos recordes nos últimos meses com a reabertura de serviços como bares, restaurantes, salões de beleza e academias. Em agosto, por exemplo, o setor avançou 33,3% e ajudou a sustentar o crescimento de 2,9% dos serviços no geral.

Segundo analistas, a taxa de crescimento dos serviços prestados às famílias foi tão alta porque a base de comparação estava muito baixa, por conta do tombo sofrido na pandemia. "Mesmo com esses recordes, ainda está muito distante de recuperar as perdas de março e abril, tamanha a queda. Para que os serviços prestados às famílias voltem ao patamar de fevereiro, ainda precisam crescer 72,2%”, confirmou Lobo.

Em agosto, o IBGE também constatou altas nos serviços de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (3,9%), serviços profissionais, administrativos e complementares (1,0%) e de outros serviços (0,8%). O único segmento a apresentar retração foi o dos serviços de informação e comunicação (-1,4%), que, no entanto, havia crescido 6,3% entre junho e julho.

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