Juros

Copom mantém Selic em 2%, mas eleva previsão de inflação

Em votação unânime, o Comitê de Política Monetária repete a mínima histórica para taxa básica de juros. Banco Central, no entanto, mudou de 2,1% para 3,1% a expectativa inflacionária para 2020 e de 3% para 3,1% em relação a 2021

Marina Barbosa
postado em 28/10/2020 19:18
 (crédito: Leonardo Sá/Agencia Senado)
(crédito: Leonardo Sá/Agencia Senado)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) na mínima histórica de 2% ao ano nesta quarta-feira (28/10). A decisão foi unânime e veio em linha com as expectativas do mercado, apesar da recente alta da inflação.

"O Comitê considera adequado o atual nível de estímulo monetário que vem sendo produzido pela manutenção da taxa básica de juros em 2,00% a.a. e pelo forward guidance adotado em sua 232ª reunião, segundo o qual o Copom não pretende reduzir o grau de estímulo monetário desde que determinadas condições sejam satisfeitas", anunciou o Copom, lembrando que essas condições incluem as projeções de inflação, mas também a manutenção do atual regime fiscal.

O Copom reconheceu que "as últimas leituras de inflação foram acima do esperado". Tanto que revisou para cima as suas projeções de inflação. O Comitê elevou de 2,1% para 3,1% a expectativa de inflação deste ano e de 3% para 3,1% a inflação esperada em 2021. "Contribuem para essa revisão a continuidade da alta nos preços dos alimentos e de bens industriais, consequência da depreciação persistente do Real, da elevação de preço das commodities e dos programas de transferência de renda", explicou.

Ainda assim, o Copom decidiu manter os juros inalterados porque acredita que "apesar da pressão inflacionária mais forte no curto prazo", "esse choque é temporário". O Comitê frisou, por sua vez, que monitora a evolução dos preços com atenção.

O Copom também lembrou que ainda há uma incerteza acima da usual sobre o ritmo de crescimento da economia brasileira, sobretudo a partir do final do ano, quando estímulos como o auxílio emergencial chegam ao fim. Por isso, concluiu que "a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno".

Por outro lado, o Comitê lembrou que o risco fiscal pode puxar a inflação para cima, assim como vem fazendo a pressão cambial. Segundo o Copom, "o prolongamento das políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco", puxando a inflação para cima.

Por isso, o Comitê alertou que "questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia".

O mercado, por sinal, espera um ajuste da taxa básica de juros em 2021, tanto que o Boletim Focus já aponta para uma inflação de 2,75% ao final do próximo ano. A dúvida é se a alta da inflação e o risco fiscal podem antecipar esse ajuste logo para o início de 2021 ou se o ajuste deve começar só no segundo trimestre do próximo ano.

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