MERCADO

Ibovespa ultrapassa os 103 mil pontos e sobe 2,5% com otimismo global

Notícias sobre a eficácia de vacina americana contra covid-19 e euforia pós-vitória de Joe Biden nos EUA impulsionam alta na bolsa brasileira, que chegou ao melhor patamar desde julho

Israel Medeiros*
postado em 09/11/2020 20:25 / atualizado em 09/11/2020 20:26
 (crédito: Luiz Prado/Ibovespa/Divulgação)
(crédito: Luiz Prado/Ibovespa/Divulgação)

As eleições nos Estados Unidos já geravam otimismo no mercado americano antes mesmo de a apuração dos votos apontar a vitória do agora presidente eleito Jon Biden (Democratas). Mas o que se viu no mercado nesta segunda-feira (9/11) foi uma alta generalizada, com disparada nas bolsas ao redor do mundo. No caso da B3, a bolsa brasileira, o índice Ibovespa ultrapassou o patamar de 103 mil pontos pela primeira vez em quatro meses, com alta de 2,5% no fim do pregão.

A alta no país seguiu o otimismo no mercado internacional. Nos EUA, o índice Dow Jones renovou sua máxima histórica intraday, com fechamento em 2,95%. Apesar de o presidente Donald Trump se posicionar fortemente contra o resultado apurado ao alegar fraudes sem apresentar provas e divulgando informações inverídicas, o mercado entende que a possibilidade de reversão do resultado é mínima, segundo especialistas.

Vacina

Outro fator apontado como importante para o aumento do apetite por risco de investidores foi o anúncio da farmacêutica americana Pfizer, que divulgou que sua vacina em parceria com a BioNTech tem eficácia superior a 90% de imunização contra covid-19 com base em dados preliminares da fase 3 de testes — etapa em que os estudos são feitos em humanos, em grande quantidade.

Para Vitória Saddi, sócia da SM Futures, é natural que o mercado americano esteja otimista logo após a eleição de Joe Biden. Isso, segundo ela, é tradição em anos eleitorais. "Todos os anos que há eleição nos EUA, logo em seguida a bolsa sobe brutalmente celebrando as instituições democráticas e a democracia, de certa forma. Isso influenciou aqui. Haverá uma realização e pode ser que caia amanhã (terça-feira), mas esperamos um movimento de alta a partir de quarta-feira", disse ela.

Saddi acredita que o movimento de alta deverá ser duradouro e utilizou o exemplo das eleições de 2016, quando o otimismo durou meses, logo após a eleição de Donald Trump para a presidência da República. "A alta durou até o final de janeiro, quando reduziu o ritmo. O mercado vê em Biden um político moderado, nada próximo ao que é o Bernie Sanders, por exemplo, que também é um Democrata, só que mais extremo. Biden pode subir impostos, mas é moderado. Então esse movimento não é fogo de palha no mercado americano, a menos que algo muito ruim aconteça. No momento, trabalhamos com a possibilidade do dólar fraco e valorização do real", disse.

Dólar

O dólar comercial ficou volátil durante todo o dia e fechou em estabilidade, vendido a R$5,39. A moeda americana, no entanto, desenha uma tendência de desvalorização. No câmbio com a moeda brasileira, há expectativa de que o dólar esteja pressionado até o fim do ano. É o que explica João Luiz Mascolo, professor de economia do Insper. Segundo ele, isso se deve à obrigatoriedade imposta a bancos para a compra de dólares — mecanismo de proteção contra variação cambial conhecido como overhedge.

"Eles terão ter que comprar US$ 15 bilhões até o fim do ano, o que vai gerar mais pressão no dólar", disse. Ele destacou também a fala do diretor de política econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, na última sexta-feira (6), que afirmou que o BC deverá intervir no câmbio no fim do ano diante do grande fluxo esperado.

O economista também citou a fala do ministro Paulo Guedes na semana passada sobre o dólar e disse que ela tem certo sentido. Na última sexta-feira, Guedes afirmou em uma live promovida pelo banco Itaú que com o dólar valendo R$ 5,50, o país não precisa de tantas reservas internacionais. Na ocasião, ele explicou que com a mudança de estratégia econômica, com juros mais baixos, é natural que o câmbio flutue.

"Até que faz sentido. Política de juros altos é uma coisa que sempre praticamos aqui. Se falta disciplina fiscal, os juros altos atuam como uma âncora monetária. A consequência de manter juros altos, é que isso mantém o real valorizado. A equipe econômica do governo Bolsonaro, no entanto, mudou as coisas. Esperava-se que a âncora fosse fiscal, mas houve certos problemas com a chegada da pandemia no que diz respeito às reformas", disse Mascolo.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

*Estagiário sob a supervisão de

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