Conjuntura

Guedes: "Não vamos usar doença para movimentos irresponsáveis"

Ministro volta a afirmar que teto de gastos será respeitado e que, no caso de uma segunda onda da covid-19, benefício aos vulneráveis terá menor valor. Auxílio emergencial hoje está em R$ 300 e acaba em dezembro

Rosana Hessel
postado em 10/11/2020 14:38 / atualizado em 10/11/2020 14:39
Em caso de segunda onda, Guedes defende que se estenda o auxílio emergencial, mas por um valor menor do que o atual -  (crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil)
Em caso de segunda onda, Guedes defende que se estenda o auxílio emergencial, mas por um valor menor do que o atual - (crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, garantiu que o governo vai continuar respeitando o teto de gastos. Contudo, no caso de uma segunda onda de contágio da covid-19 atingir o país, o governo vai ter que gastar mais, "mas em valores menores do que o socorro; não deverá ser do tamanho do primeiro, a fim de ele poder ser concedido por um período mais longo".

“Não vamos usar a desculpa da doença para fazer movimentos irresponsáveis”, garantiu Guedes, nesta terça-feira (10/11), durante evento virtual da Bloomberg sobre mercados emergentes. Ele lembrou que o governo gastou 8% do Produto Interno Bruto (PIB) com medidas fiscais no combate à pandemia e poderá “emprestar um pouco mais”, podendo chegar 12% do PIB, caso ocorra uma segunda onda. O ministro frisou que, com a descoberta de milhões de trabalhadores informais que estavam fora do sistema, o pagamento digitalizado do auxílio emergencial facilitará localizar essas pessoas no caso de uma nova onda que necessite ações do governo para socorrê-los.

Contudo, Guedes criticou os parlamentares por mais do que duplicarem a elegibilidade do auxílio emergencial, proposto pelo Executivo para ser, inicialmente, de R$ 200. “O governo foi muito responsável, mas (os parlamentares) mais do que dobraram o número e a base. Dobraram a elegibilidade e o valor do benefício. Agora, o governo tenta preservar a responsabilidade fiscal, mas o processo político é uma competição de quem paga mais”, lamentou.

O ministro lembrou, ainda, o auxílio e as 65 milhões de pessoas que receberam os R$ 600 em abril, maio e junho, porém o benefício foi estendido duas vezes: primeiro, até agosto pelo mesmo valor; e, de setembro a dezembro, passou para R$ 300. Mas, até agora, o governo não definiu o programa substituto do Bolsa Família e incluir, de alguma forma, os cerca de 40 milhões de informais que vão precisar de socorro no caso de uma segunda onda.

"É preciso que o valor do benefício seja menor para ser concedido por um período mais longo", disse.

"Um grande e bonito V"

Durante a sua explanação, Guedes ainda voltou a falar em recuperação em V e voltou a afirmar que o crescimento da economia está “em grande forma”. “É um grande, grande e bonito V”, garantiu, reforçando que o número de vagas fechadas durante a pandemia é menor do que o desemprego constatado na recessão de 2015 e de 2016, quando mais de 1 milhão de empregos foram destruídos. “Neste ano, até setembro 550 mil vagas foram fechadas”, afirmou.

Ao ser questionado sobre a previsão do governo de crescimento de acima de 3%, em 2021, Guedes apenas disse que "são projeções". Contudo, reconheceu que o grande desafio do governo será transformar o consumo em "crescimento sustentável", que é resultado do aumento do investimento no país. Neste sentido, voltou a afirmar que as "reformas estruturais" estão andando e que há vários marcos regulatórios no Congresso que precisam ser aprovados, como o do gás e o do petróleo.

Guedes também reconheceu que está difícil realizar privatizações e se disse frustrado. Ele prometeu vender quatro estatais até dezembro de 2021: Correios, Eletrobras, Porto de Santos e PPSA, que administra o sistema de partilha de petróleo. Essas são as mesmas que ele vinha prometendo entregar "dentro de 90 dias", mas teve que adiar por conta do "timing da política".

 

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