O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a demonstrar otimismo em relação à retomada da economia brasileira perante a crise provocada pela pandemia de covid-19. Ele apostou que o Produto Interno Bruto (PIB) poderá crescer de 3% a 4% no ano que vem e que essa é uma "previsão conservadora".
“O grande desafio é transformar a recuperação cíclica, que é um fato,e vamos crescer 3% a 4% (em 2021), se nós não fizermos besteira. Se fizermos besteira, afunda de novo”, afirmou o ministro, nesta quarta-feira (25/11), em um evento da revista Voto, em São Paulo, acompanhando o presidente da República, Jair Bolsonaro.
Recuperação cíclica
A equipe econômica revisou de 4,7% para 4,5% a previsão de queda do PIB deste ano, mas manteve em 3,2% a projeção de expansão em 2021. “Já estamos em plena recuperação cíclica. E crescimento de 3%, 4% pode ser uma perspectiva conservadora”, garantiu. Próximo ao ministro no palco, estava Bolsonaro, sentado em uma cadeira de couro à frente de um cartaz marrom com a seguinte frase: "Um brinde à democracia".
Em março deste ano, Guedes usou uma frase parecida para falar sobre a desvalorização do dólar, que estava girando em torno de R$ 4,60, afirmou que a divisa chegaria a R$ 5 "se não fizesse besteira". Uma semana depois, o real se desvalorizou mais e a barreira dos R$ 5 foi rompida, em meio ao avanço da pandemia que se alastrava pelo pelo planeta.
Na avaliação do ministro, os dados que ele tem de consumo de energia e de combustíveis, por exemplo, em geral, apontam uma retomada forte em “todos os setores” e que os investimentos privados “estão entrando” no país. Ele afirmou, por exemplo, que a falta de matéria-prima e de embalagens já é um bom sinal dessa retomada. Contudo, esse processo de retomada em meio à pandemia ainda é visto com cuidado por economistas que ainda não veem uma retomada em V como o ministro gosta de afirmar.
“Nosso desafio é transformar essa recuperação cíclica em retomada do crescimento. E quem tem a chave disso é a classe política”, afirmou Guedes. O ministro reconheceu que ainda há uma contenção nesse fluxo porque não há uma certeza em relação à parte fiscal e, nesse sentido, defendeu o andamento de reformas que estão no Congresso para “destravar os investimentos”.
Para ele, ferramentas para isso já estão no Congresso, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Pacto Federativo, que prevê a desvinculação de despesa, e, nesse sentido, basta "apertar o botão" para o "país decolar". “Estamos assistindo agora o destravamento da pauta de investimentos brasileiros que vai fazer o país voar. E estamos confiantes nessa dinâmica”, afirmou o ministro.
O chefe da equipe econômica fez questão de destacar que, apesar de o presidente ter sido eleito sem uma base governista, o “novo eixo político” do governo “está funcionando”. Para Guedes, as coisas “estão andando” e vão continuar a andar nas próximas semanas. Nesse sentido, ele voltou a elogiar o Congresso e integrantes da base aliada, como o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), um dos líderes do Centrão. “O governo, agora, nos coordenamos e chegamos a uma base de sustentação parlamentar e nosso líder, Arthur Lira, está nos ajudando nessa pauta de transformação”, afirmou.
“Aceitamos ajuda de todos os brasileiros. Estamos olhando para o futuro. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se quiser continuar nos ajudando, é bem-vindo”, afirmou Guedes, citando o atual desafeto dele e de Lira, que tenta ser o nome para a Presidência da Câmara enquanto Maia tenta emplacar um sucessor.
Rebatendo críticas
Paulo Guedes se queixou das críticas que ele e sua equipe recebem pela falta de resultados e de avanços nas reformas. Reforçou que a atividade está se recuperando e que o Brasil "está surpreendendo o mundo". “Contra os fatos não há argumentos. Contra os números, não há narrativas que se sustentem. Nós trabalhamos razoavelmente bem, para não dizer que fomos extraordinários ou excepcionais”, afirmou o ministro para plateia de empresários e investidores no evento fechado.
O chefe da equipe econômica destacou também que, no meio da crise, o governo “saiu dos trilhos do ajuste fiscal”, gastando 8,5% do Produto Interno Bruto (PIB), "mais do que o dobro da média dos países emergentes". “Gastamos muito com saúde, mas não somos irresponsáveis e não vamos transformar gasto com saúde em aumento de salário", afirmou.
Guedes tentou demonstrar um clima amistoso com o Legislativo e voltou a afirmar que, por acreditar que o Congresso é reformista, ele "tem certeza que o governo vai aprovar as reformas". Ele reforçou uma fala que sempre é comum em seus discursos onde ele declara que a equipe econômica tem a “capacidade de formulação”, mas quem dá o “timing é a política”.
Caged positivo
Durante o evento, o ministro Paulo Guedes adiantou que o resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de outubro, que será divulgado amanhã pela pasta. Segundo ele, os dados serão novamente positivos e que, no fim do ano, serão registradas menos vagas fechadas do que na recessão de 2015 e 2016.
“Tivemos Caged positivo nos últimos meses e amanhã tem mais. É possível que a gente termine o ano perdendo 200 mil ou 300 mil empregos. Isso é um quarto do que se perdeu em uma recessão que foi autoinfligida e que não foi por razões externas”, destacou.
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